Nos últimos tempos, uma enxurrada de produtos prometendo perda de peso rápida e eficaz tem inundado o mercado, inspirados pelo sucesso do medicamento Ozempic. De gomas de frutas a chás verdes, e até mesmo a mais recente adição, uma pílula lançada pela Lemme, marca de suplementos da influenciadora Kourtney Kardashian, as opções parecem não ter fim.

Dentre os novos produtos, destaca-se a pílula GLP-1 Daily da Lemme, que promete imitar os efeitos do hormônio GLP-1, essencial no controle do apetite. Entretanto, especialistas em saúde e nutrição estão alertando os consumidores sobre os riscos associados a essas alternativas; muitos dos produtos disponíveis não têm respaldo científico suficiente para garantir sua eficácia.

"Essas opções são descritas como naturais e sem efeitos colaterais, mas a verdade é que não existem provas sólidas que mostram que elas podem oferecer resultados semelhantes aos medicamentos prescritos", afirma Joe Schwarcz, diretor do Escritório de Ciência e Sociedade da Universidade McGill, no Canadá. Para ele, o que vemos hoje é uma série de alegações exageradas que se aproveitam da fama de termos científicos que muitos consumidores ainda estão aprendendo a entender.

Com o Ozempic se tornando um nome cativo entre aqueles que buscam emagrecer, a linguagem científica relacionada à perda de peso ganhou popularidade, e os lançamentos mais recentes de suplementos não hesitam em usar termos como "saúde metabólica" apenas para criar uma aparência de credibilidade. Contudo, isso pode induzir as pessoas ao erro, como aponta Adrienne Bitar, especialista em cultura da dieta da Universidade Cornell.

Vale destacar que a Lemme menciona em seu site que alguns de seus ingredientes podem elevar os níveis de GLP-1 e auxiliar na supressão do apetite. Porém, diversos pesquisadores, como Pieter Cohen da Harvard Medical School, questionam a validade destes estudos, que muitas vezes são pequenos e se focam em ingredientes isolados ao invés do produto como um todo.

A grande preocupação dos profissionais de saúde é que pessoas que não têm condições de gastar até US$ 1.000 por mês em medicamentos de marca procurem esses suplementos como solução. Isso pode levar a gastos desnecessários, além de riscos à saúde, pois a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos) não regula adequadamente esses produtos antes de chegarem ao mercado. Infelizmente, os consumidores muitas vezes não percebem que estão assumindo esses riscos.

Por fim, considerando o preço de aproximadamente R$ 390 por um mês de suprimento das cápsulas da Lemme, é compreensível a tentação de buscar soluções mais acessíveis, mas os médicos alertam: não existe atalho seguro para a perda de peso. Priorizar uma alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas é, sem dúvida, a abordagem mais eficaz e saudável para quem deseja emagrecer de forma sustentável.