Xi Jinping e Vladimir Putin: Amigos ou Rivais Estratégicos?

Recentemente, Xi Jinping fez uma aparição marcante ao lado de Vladimir Putin durante as celebrações do 80º aniversário da derrota da Alemanha nazista, reforçando a imagem de um laço estreito entre China e Rússia. Mas, por trás dessa camaradagem aparente, há uma estratégia bem calculada.

Embora a China evite críticas abertas a Moscou, sua hesitação em fornecer apoio militar à Rússia na guerra da Ucrânia revela um desejo de manter uma distância estratégica. Pequim busca se posicionar como neutra, promovendo o diálogo para resolver o conflito.

Por que Xi é cauteloso?

Para Xi, a relação com Putin é uma oportunidade valiosa para desafiar a ordem global dominada pelos Estados Unidos e expandir a influência chinesa em um mundo multipolar. Contudo, aliar-se incondicionalmente a uma Rússia subjugada por sanções ocidentais pode representar riscos econômicos e políticos. É evidente que Xi deseja estar próximo de Putin, mas não a ponto de se comprometer.

Crescimento nas Relações Econômicas e Militares

A China tem intensificado os laços econômicos e militares com a Rússia, como demonstrado pela presença de tropas chinesas nas festividades em Moscou. Essa colaboração, segundo especialistas como Mathieu Boulegue, destaca uma amizade que, embora pareça sólida em algumas áreas, também apresenta aspectos de competição e conflitos pontuais.

Evitando Afastar a Europa

Com uma guerra comercial crescente com os EUA, a China se empenha para não alienar potenciais parceiros europeus. A parceria com a Rússia pode prejudicar a aproximação com a União Europeia, especialmente considerando a necessidade de uma resposta coesa à adversidade imposta por Trump.

Sinais de Diplomacia com a Europa

Recentemente, líderes europeus, incluindo Ursula von der Leyen, entraram em contato com Xi Jinping para celebrar 50 anos de relações diplomáticas, uma prova de que os esforços de aproximação da China estão prestando frutos.

Desafios do Alinhamento com a Rússia

Apesar da colaboração, a China não condena abertamente Putin. Xi refere-se ao conflito na Ucrânia como uma "crise" a ser resolvida por meio do diálogo. Essa posição é cuidadosamente ponderada, já que um apoio excessivo a Putin pode desgastar as relações da China com outros países, especialmente a Europa.

Uma Mensagem Direta a Trump

Xi também se vê em uma posição de transmitir uma mensagem a Donald Trump: a aliança com Putin não será abalada por suas tentativas de dividir os dois. Ao criticar propostas como o sistema de defesa antimísseis, Xi e Putin caminham lado a lado, promovendo uma alternativa à hegemonia dos EUA.

A Realidade da Aliança: Poder Desigual

Enquanto a China se afirma como uma superpotência, a condição da Rússia é mais vulnerável do que nunca, com uma economia fragilizada por sanções. Este cenário transforma a parceria em uma relação onde a dependência da Rússia em relação à China se torna um fator limitador, revelando o verdadeiro papel de Xi na cena internacional: um líder que busca equilíbrio entre poder e prudência.