Orizon e Gás Verde: Revolução no Biometano que Promete Quadruplicar Produção no Brasil
2024-12-23
Autor: Carolina
A Orizon acaba de anunciar uma parceria estratégica com a Gás Verde que poderá transformar o cenário da produção de biometano no Brasil, quadruplicando a capacidade atual e trazendo uma nova perspectiva para a energia renovável no País.
Com o projeto, que envolve a construção de duas novas usinas, a produção de biometano saltará de cerca de 50 mil metros cúbicos por dia para impressionantes 200 mil metros cúbicos por dia. Este aumento representa um acréscimo de 50% na produção do combustível, reforçando a transição energética e a sustentabilidade.
As novas usinas serão alimentadas com resíduos urbanos extraídos dos aterros sanitários de São Gonçalo e Nova Iguaçu, ambos sob gestão da Orizon. Esses aterros, conhecidos por serem grandes reservas de biogás, fornecerão a matéria-prima vital para a extração do biometano.
Grandes nomes do mercado já estão de olho nesse novo combustível renovável: Ternium, Ambev, Nestlé e L’Oréal são alguns dos clientes da Gás Verde que estão prontos para adotar essa solução sustentável.
De acordo com Marcel Jorand, CEO da Gás Verde, o investimento total nas novas usinas será de “centenas de milhões de reais”. Embora não tenha revelado valores exatos, afirmou que será um grande passo para a sustentabilidade.
Atualmente, a produção de biometano no Brasil está em torno de 400 mil metros cúbicos por dia, mas as estimativas da Orizon indicam que esse número pode chegar a até 2,15 milhões de metros cúbicos/dia até 2028, o que seria um marco significativo para as energias renováveis no País.
O biometano, que é uma alternativa renovável ao gás natural, é produzido a partir do biogás, resultante da decomposição do lixo. Essa conversão é fundamental para possibilitar a substituição do gás natural em indústrias e até em veículos pesados, onde pode servir como um substituto ao diesel.
Milton Pilão, CEO da Orizon, destacou que as multinacionais com metas de redução de carbono podem se beneficiar enormemente ao optar pelo biometano em vez de comprar créditos de carbono. “Esse é um produto premium que tem o potencial de revolucionar setores industriais,” afirmou.
Porém, o maior desafio continua sendo o custo do biometano, que muitas vezes é mais alto que o dos combustíveis fósseis. Pilão enfatizou que ao considerar o custo total do combustível, incluindo o que as empresas gastariam em compensações de emissões, a balança pode facilmente se inclinar a favor do biometano.
A Orizon opera atualmente 17 aterros, que a empresa se refere como “ecoparques”. Os planos para o futuro incluem a produção de biometano ou biogás em todos eles. Caso essa meta seja atingida, a produção total poderia ultrapassar 1,3 milhão de metros cúbicos por dia.
No entanto, a logística de transporte do biometano ainda precisa ser definida. As opções incluem a conversão para Gás Natural Comprimido (GNC) para injeção nas tubulações de distribuição, que teria um raio de entrega de até 200 km, ou conversão para Gás Natural Liquefeito (GNL), que poderia ser transportado por caminhões, alcançando até 1.500 km.
A decisão sobre qual método será adotado dependerá das necessidades dos clientes. Contudo, tanto Pilão quanto Jorand parecem ter preferência pelo GNL, prevendo uma demanda crescente por indústrias localizadas longe das redes de gás que, no Brasil, estão predominantemente no litoral.
Essa joint venture não só promete um crescimento sem precedentes na produção de biometano, como também estabelece um novo paradigma na utilização de resíduos e na busca por combustíveis renováveis no território brasileiro.