
Oriximiná: Um Exemplo de Inclusão Indígena no Ensino Superior
2025-09-03
Autor: Mariana
O Cenário da Educação em Oriximiná
Localizado no coração da floresta amazônica, Oriximiná, um município do Pará a 1.500 km de Belém, abriga uma diversidade incrível. Com aproximadamente 70 mil habitantes, incluindo uma grande população ribeirinha e mais de 3.000 indígenas de várias etnias, principalmente os Waiwai, a cidade reflete uma rica tapeçaria cultural que se estende até a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
Desafios e Superações no Ensino Superior
Desde a inauguração do campus da Ufopa em 2015, cerca de 100 indígenas começaram suas jornadas acadêmicas, com 17 já formando-se. No entanto, um dos desafios mais significativos é a barreira do idioma. A professora Deliane Penha, bióloga amazônida, dedica um tempo extra após as aulas para ajudar os alunos Waiwai a superarem as dificuldades com o português.
Com o auxílio de uma aluna bilíngue, Penha explica termos complexos de ecologia, como "fotossíntese", utilizando desenhos e outras abordagens visuais para garantir a compreensão dos alunos. Ela observa que, apesar das dificuldades, é gratificante participar deste processo de inclusão.
Políticas de Inclusão e Acesso
A Ufopa vai além das vagas oferecidas pelo Enem e pela lei de cotas. Desde 2013, a universidade implementou vestibulares específicos, como o Processo Seletivo Especial Indígena e o Processo Seletivo Especial Quilombola. Dâvia Talgatti, diretora do campus, enfatiza que a finalidade desses processos é garantir que os verdadeiros donos da terra possam acessar o ensino superior.
"Investir no ensino público é crucial para fortalecer as comunidades amazônicas e reconhecer seus conhecimentos", diz Talgatti, ressaltando a importância de fomentar uma educação que respeite e integre as características locais.
A Luta pela Permanência e Qualidade Acadêmica
Embora os alunos que ingressam enfrentem o desafio da permanência, o suporte financeiro através de bolsas e a adaptação dos métodos de ensino contribuem para um ambiente mais inclusivo. Os estudantes formam coletivos para se ajudarem mutuamente, criando uma rede de apoio fundamental.
Crescimento e Inclusão no Ensino Superior
Dados recentes mostram que cerca de 70 mil alunos indígenas estão matriculados em instituições de ensino superior no Brasil, um salto considerável em comparação aos apenas 11,4 mil em 2009. Isso indica uma evolução, embora políticas que promovam a inclusão efetiva desses alunos sejam essenciais.
A Ciência Amazônica e a Realidade Inclusiva
Penha reforça que é possível fazer ciência de qualidade na Amazônia, mas ressalta que a formação desses estudantes não se limita a artigos científicos. "Uma educação inclusiva não é uma utopia; é uma realidade que deve ser reconhecida e promovida", afirma, insistindo que todos devem ter a oportunidade de brilhar em seus estudos, independentemente de sua origem.