Mundo

Ofensiva Rebelde na Síria Força Mais de 1,1 Milhão de Pessoas a Deixarem Seus Lares em Apenas Três Semanas, Revela ONU

2024-12-12

Autor: Carolina

Mais de 1,1 milhão de pessoas foram forçadas a deixar suas casas na Síria desde o começo da ofensiva rebelde, que teve início em 27 de novembro, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). A situação se agravou com a queda do presidente Bashar al-Assad, que governou o país por mais de 13 anos, além de manter uma ditadura por mais de 50 anos sobre o clã Assad.

Em um comunicado, o Ocha afirmou: "Até 12 de dezembro, 1,1 milhão de pessoas foram deslocadas no país desde o início das hostilidades em 27 de novembro. A maioria é composta por mulheres e crianças". Essa crise humanitária traz à tona os horrores de uma guerra que já dura mais de uma década e provocou o deslocamento de milhões.

A situação é especialmente crítica na província de Aleppo, uma das mais afetadas pelos conflitos. O fechamento de padarias devido à escassez de farinha e diesel exacerba a falta de alimentos. "Os suprimentos de vegetais são limitados, a falta de eletricidade persiste em algumas áreas, e os preços dos combustíveis continuam exorbitantes", relatou a ONU.

Os confrontos próximos à barragem de Tishreen, em Aleppo, também causaram interrupções graves nos serviços essenciais, como eletricidade e água, afetando mais de 400 mil pessoas em locais como Menbij e Kobani.

No nordeste da Síria, cerca de 40 mil deslocados estão abrigados em aproximadamente 200 centros coletivos instalados em parceria com a ONU. Esses locais estão recebendo ajuda humanitária de organizações que distribuem alimentos, kits de higiene e apoio psicológico.

Entretanto, o acesso à ajuda humanitária se mostra desafiador em várias cidades, como Raqqa e Tabqa. Relatos de saques e movimentação restrita nos postos de controle dificultam ainda mais a entrega de suprimentos. Mesmo assim, a ONU informou que já conseguiu fornecer alimentos a mais de 700 mil pessoas no noroeste da Síria desde o começo das hostilidades.

A nova liderança síria, por sua vez, faz promessas ao povo. Um porta-voz do governo, Obaida Arnaut, anunciou que querem estabelecer um 'Estado de Direito' após anos de abusos. "Todos aqueles que cometeram crimes contra o povo sírio serão julgados de acordo com a lei", garantiu ele, sublinhando que o novo governo planeja uma 'transição' onde a Constituição estará congelada.

Em um esforço para ganhar a confiança da comunidade internacional, o recém-nomeado primeiro-ministro sírio, Mohamad al-Bashir, convidou os milhões de sírios no exílio a retornarem ao país para ajudar na 'reconstrução' da Síria, que possui uma diversidade étnica e religiosa rica. Estima-se que cerca de seis milhões de sírios tenham deixado o país desde o início da guerra, representando um quarto da população total, enquanto a crise humanitária continua a se desdobrar sem precedentes.

A situação ainda é grave e, com o inverno se aproximando, os desafios enfrentados pelos deslocados são alarmantes. Organizações de direitos humanos alertam que, sem ajuda urgente e medidas de segurança, muitos podem enfrentar consequências devastadoras. O futuro da Síria permanece incerto, e a luta por direitos e dignidade continua.