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O YouTube: Um Mar de Vídeos Invisíveis Só Para Robôs

2025-03-30

Autor: Carolina

Você sabia que a maioria dos vídeos do YouTube nunca é vista por humanos? Acesse o intrigante Astronaut.io e descubra um mundo digital sem as amarras dos algoritmos. Lá, você verá clipes aleatórios que vão desde um homem na Rússia registrando a trilha de um avião no céu a ovelhas atravessando uma porteira, ou até uma jovem desmontando um celular. A cada quatro segundos, um novo vídeo surge. E se você perder, a chance de revê-lo é quase nula.

Quando pensamos no YouTube, a imagem que vem à mente é geralmente de influenciadores famosos como Mr. Beast, Felipe Neto ou Joe Rogan – com bilhões de visualizações. Mas esses são apenas uma pequena gota em um vasto oceano de conteúdo que permanece quase invisível.

A aleatoriedade é essencial para refletir a verdadeira natureza do YouTube. Enquanto o algoritmo busca captar atenção e monetização, a aleatoriedade simplesmente existe, sem intenções. Para adentrar mais neste fenômeno, é interessante citar um estudo liderado por Ethan Zuckerman na Universidade de Massachusetts. Sua equipe criou um programa para gerenciar endereços aleatórios do YouTube, em uma estratégia semelhante ao jovem que faz trotes por telefone. O resultado? Uma compilação de vídeos que representam mais fielmente a realidade da plataforma.

Os dados são impressionantes: apenas 0,21% dos vídeos possuem monetização, e a média de visualizações é de apenas 41 views por vídeo. Mais alarmante, 74% não têm comentários e 89% não recebem likes! A duração média dos vídeos gira em torno de 64 segundos, sendo que um terço deles possui menos de 34 segundos. É como se o YouTube fosse um vasto deserto de vídeos que nunca foram vistos por olhos humanos.

Curiosamente, apenas 28% dos vídeos estão em inglês, seguidos por hindi (11%), espanhol (8%), português (7%), russo (6,5%) e árabe (6%). Esses números deixam claro que não é apenas uma bolha anglófona que habita a plataforma. No entanto, essas estatísticas são acessíveis apenas através de investigações complexas, pois o Google, dono do YouTube, não divulga tais dados. Existe uma vontade de não mostrar o YouTube sob outra luz que não seja a de um espaço pouco impactante se comparado a outras redes sociais, o que é uma distorção alarmante.

O YouTube é, de longe, a rede social mais popular nos EUA, com 83% dos adultos e 93% dos jovens utilizando-a. É o segundo site mais visitado globalmente, perdendo apenas para o Google. Com aproximadamente 15 bilhões de vídeos armazenados, o YouTube é um titã camuflado, sendo o repositório de conteúdos mais influente da humanidade.

É lamentável que este gigantesco arquivo de experiências humanas tenha se tornado quase invisível, sendo explorado mais por inteligências artificiais do que por pessoas. A percepção de que o YouTube é um mero palco de celebridades já era. Agora é hora de enxergar este imenso mar de vídeos, ou o deserto, repleto de conteúdos que anseiam por serem vistos.