O que o futuro reserva para o Banco Central sob a liderança de Galípolo em 2025?
2024-12-28
Autor: Ana
A condução de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central já começa a mostrar resultados positivos no mercado financeiro. Durante a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2024, ele apresentou sua primeira mensagem como presidente ao anunciar um aumento de 1 ponto percentual na Selic, além de prever outros dois aumentos semelhantes nas próximas reuniões, decisão que contou com a unanimidade dos membros do comitê.
Com um perfil técnico robusto, Galípolo tem alimentado a expectativa de que sua gestão será semelhante à de Roberto Campos Neto, que se destacou pela sua independência em relação à política e compromisso com a estabilidade econômica. No entanto, os desafios são palpáveis. "Ainda há muito a se observar, pois Galípolo será constantemente avaliado como indicado por um governo de viés centro-esquerda, o que pode dificultar sua relação com o mercado", afirma André Galhardo, economista-chefe do Análise Econômica.
Relação com o Governo e a Política Monetária
Apesar das preocupações sobre sua proximidade com figuras-chave da administração, como o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, especialistas acreditam que essa conexão pode, paradoxalmente, estabilizar a atuação do BC. Samuel Pessôa, economista da FGV-IBRE, acredita que Galípolo, por ser bem-visto pelo presidente, conseguirá facilitar o diálogo sempre que decisões difíceis sobre juros precisarem ser tomadas, algo que pode resultar em um ambiente monetário menos tumultuado.
Previsões de Selic e Inflação
Quanto à Selic, as projeções são de que atinja 15% ao ano até maio de 2025. Experts, como Rodolfo Margato da XP, ressaltam que essa taxa pode se manter neste patamar até o fim do ano, correndo o risco de não descer de 15% a depender das condições econômicas. "Estamos em um cenário onde as intervenções monetárias precisarão ser avaliadas com cautela, pois juros altos não podem ser uma solução permanente", comenta.
A Escalada do Dólar e a Intervenção do Banco Central
O comportamento do dólar, que já ultrapassou a marca de R$ 6, é outra preocupação. Com o BC realizando leilões para controlar a liquidez do mercado, especialistas como Sérgio Goldstein da Warren Investimentos alertam que essa estratégia é insustentável a longo prazo. "Continuar intervindo nessa magnitude pode esgotar nossas reservas, que devem ser preservadas como um seguro para o país", adverte.
Desafios na Meta de Inflação
Um dos principais desafios de Galípolo será manter a inflação sob controle em 2025, cuja meta central está estabelecida em 3%, com uma margem de tolerância. Contudo, a previsão do Boletim Focus indica que a inflação pode chegar a 4,89% no próximo ano, alçando o risco de descumprimento de metas que já é considerado alto por muitos especialistas. "As dificuldades para alcançarmos a meta de inflação existem e podemos sim enfrentar um quarto ano de descumprimento, o que exige uma atuação forte do Banco Central", conclui Galhardo.
Com várias peças do quebra-cabeça econômico em movimento, todos os olhos estarão voltados para Galípolo e suas decisões nos próximos meses. Vale a pena ficar atento às próximas reuniões do Copom e tudo o que isso significa para o futuro econômico do Brasil.