A Creatina e Seus Impactos Inesperados no Coração

A creatina é famosa entre os atletas como um poderoso aliado no ganho de massa muscular e melhoria do desempenho físico. Mas você sabia que ela também pode beneficiar o coração? O cardiologista Marcelo Bergamo revela os segredos dessa substância que vai além da academia.

"O coração é um músculo que opera incessantemente e possui uma demanda energética específica," explica o especialista. Ele ressalta que este órgão utiliza o sistema creatina-fosfocreatina para gerar energia de forma rápida e eficiente, crucial para seu funcionamento.

Como a Creatina Atua no Músculo Cardíaco?

Diferentemente dos músculos esqueléticos, para os quais a creatina é eficaz em intensos treinos curtos, no coração ela atua como uma verdadeira bateria de emergência. Isso garante uma estabilidade energética constante, especialmente em momentos de esforço elevado.

Bergamo alerta que, em pacientes com insuficiência cardíaca, os níveis de creatina podem cair dramaticamente, chegando a 70%, o que prejudica a capacidade do coração de produzir energia. Isso resulta em fadiga, diminuição da contração muscular e dificuldades no bombeamento do sangue, exacerbando sintomas como cansaço extremo e falta de ar.

Estudos Promissores em Pacientes Cardíacos

Pesquisas iniciais em humanos têm mostrado resultados alentadores: com o uso de creatina, pacientes relataram melhorias significativas. Entre os benefícios, está o aumento da capacidade de exercitar-se, alívio de sintomas e até melhorias na função ventricular.

Alguns estudos indicam que pacientes tiveram um aumento de 10 a 15% na capacidade de realizar atividades físicas, levando a uma melhor qualidade de vida e redução das internações hospitalares. Ecocardiogramas também demonstraram progressos.

Creatina: Um Aliado na Saúde Cardiovascular?

Além do fortalecimento do coração, há indícios de que a creatina pode ajudar na redução dos níveis de triglicerídeos e no aumento do colesterol HDL (o "bom" colesterol). Ela também pode reduzir inflamações nos vasos sanguíneos, melhorar o controle glicêmico e a sensibilidade à insulina.

Contudo, Bergamo enfatiza que o uso de creatina deve ser sempre supervisionado por um médico, especialmente em pacientes com condições cardíacas. "É vital monitorar possíveis interações medicamentosas, principalmente com diuréticos e medicamentos para hipertensão. A sobrecarga renal também é uma preocupação," alerta o especialista.