O Mercado de Carbono: O Novo Eldorado da Amazônia Brasileira?
2025-01-09
Autor: Lucas
O Brasil abre as portas para um mercado de carbono promissor e a Amazônia se torna protagonista nessa transformação. Após anos de crises e escândalos, o setor busca recuperar sua credibilidade em meio a um cenário global que clama por ações concretas para reduzir as emissões de CO2.
Uma Oportunidade de Ouro
Gabriel Silva, cofundador da Mombak, aponta que o mercado de carbono representa uma grande chance de investimento e reflorestamento na Amazônia, onde 60 milhões de hectares desapareceram desde 2015. Esse mercado permite que empresas poluidoras compensem suas emissões por meio da compra de créditos, que financiam projetos de reflorestamento. Contudo, essa estratégia enfrenta críticas por não abordar a redução direta das emissões.
O Desafio do 'Greenwashing'
Nesse contexto, a pressão por maior responsabilidade ambiental é intensa, e muitos projetos já implementados falharam por priorizarem monoculturas, como o eucalipto. Essas florestas, a longo prazo, sofreram degradação, comprometendo o equilíbrio ecológico.
Reflorestamento com Biodiversidade
Na fazenda Turmalina, o primeiro projeto da Mombak no Pará, mais de três milhões de mudas de 120 espécies nativas foram plantadas em 18 meses. Essa diversidade visa simular um ambiente natural, promovendo florestas resilientes que podem se autogerir por um século. Entre as mudas, 300 mil pertencem a espécies ameaçadas de extinção, como o ipê-amarelo e o cedro-rosa, fundamentais para a conservação da biodiversidade.
Metas Ambiciosas
A Mombak possui planos audaciosos: pretende plantar 30 milhões de árvores até 2032 em suas nove fazendas no Pará, cobrindo uma área cinco vezes maior que Manhattan. Para isso, conseguiu captar recursos de investidores privados e recebeu apoio significativo do Banco Mundial, além de um crédito de 37,5 milhões de dólares do governo dos EUA.
Parceiros de Peso
Graças a parcerias com empresas como Microsoft e Google, a Mombak começou a firmar contratos de grande escala para compensação de carbono. O acordo com a Microsoft é um dos maiores do mundo, prevendo a compensação de 1,5 milhão de toneladas de CO2. No entanto, a Mombak adverte que esses projetos exigem capital intenso e dependem de um preço elevado para os créditos de carbono.
A Questão da Propriedade de Terra
Apesar do progresso, a questão da propriedade das terras na Amazônia continua sendo um desafio. Muitos projetos enfrentam conflitos com comunidades locais, especialmente os povos indígenas, que historicamente habitam essas regiões. Especialistas alertam para a necessidade de que recursos de reflorestamento cheguem às comunidades que detêm o conhecimento tradicional sobre essas terras.
Um Chamado à Ação
Lise Vieira da Costa, professora da Universidade Federal do Pará, reconhece a importância do reflorestamento biodiverso promovido pela Mombak, mas ressalta que a regularização da propriedade é crucial para evitar conflitos. Ela também alerta sobre o risco de que as novas políticas de concessão de terras possam agravar as tensões existentes.
Finalmente, a expectativa é que o Brasil realize uma mudança significativa em sua abordagem ambiental, especialmente com a aproximação da COP30, conferência climática da ONU, em Belém. A necessidade de restaurar terras degradadas e implementar práticas sustentáveis se torna mais urgente do que nunca.