Giovanna Romboli Augusto, uma chef de cozinha de 36 anos, enfrentou uma batalha silenciosa contra o aumento de peso e dores nas pernas, tudo isso enquanto mantinha uma alimentação controlada e praticava exercícios. Sua história é um alerta para muitos que podem estar ignorando os sinais do lipedema, uma condição muitas vezes mal compreendida.

Após consultas com quatro médicos e recomendações para realizar uma cirurgia bariátrica, sua única salvação foi a negativa do plano de saúde, o que a levou a buscar um diagnóstico mais preciso. Em novembro do ano passado, ela finalmente foi diagnosticada com lipedema, uma desordem caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura em certas partes do corpo, especialmente nas pernas.

"Eu me perguntava como poderia estar engordando tanto se comia tão pouco. Isso não parecia normal", desabafou Giovanna. Desde nova, ela notou que suas pernas e quadris eram desproporcionais e, apesar de seguir várias dietas, não via resultados. O aumento de pelos e as dores agudas nas pernas a fizeram procurar ajuda, mas muitos médicos a desconsideravam ou insistiam que o problema era excesso de peso.

Um momento crucial aconteceu quando uma amiga massagista mencionou o lipedema. Ao pesquisar sobre a condição, Giovanna percebeu uma semelhança com o que via nas pernas de sua mãe e avó. Decidida a investigar mais, a chef visitou vários especialistas, mas muitos ainda consideravam o lipedema um mito ou uma modinha recente.

A falta de reconhecimento da doença dificultou o diagnóstico e o tratamento eficaz. "Infelizmente, o lipedema foi negligenciado no campo médico por muitos anos. Muitos profissionais de saúde não estão familiarizados com essa condição", explicou o Dr. Vitor Cervantes Gornati, que acompanha Giovanna. A inclusão do lipedema na Classificação Internacional de Doenças (CID), em 2022, foi um passo importante, mas a luta por informações e conscientização ainda continua.

Apesar de todo o sofrimento, Giovanna encontrou um médico que a apoiou e mostrou o tratamento adequado. Através da reeducação alimentar e acompanhamento com profissionais de saúde, ela começou a ver progresso, perdendo peso e aliviando a inflamação. Após cirurgias de varizes e o uso de meias de compressão, sua qualidade de vida melhorou significativamente, e hoje ela pesa 81 kg. "Sou uma pessoa completamente diferente agora; tenho mais energia e sinto menos dores", disse aliviada.

Entretanto, a batalha ainda não terminou. Giovanna ainda espera pela cirurgia para tratar o lipedema, um procedimento que pode custar em torno de R$ 80 mil. Ela se tornou uma defensora da conscientização sobre a condição e inspira outros a não se conformarem com diagnósticos errôneos. O lipedema não é uma 'moda', mas uma real condição que merece atenção e cuidado! Se você ou alguém que você conhece passa por sinais semelhantes, procure informações e não desista de buscar a saúde!