Um novo estudo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS revelou um dado alarmante: em 2024, a juventude brasileira apresenta uma taxa de problemas psíquicos superior à dos adultos. Essa é a primeira vez que um levantamento aponta tal inversão, e o desfecho não é nada positivo.

O relatório destaca que a taxa de ansiedade entre jovens de 15 a 19 anos, a maioria dos candidatos ao Enem, chega a 157 casos para cada 100 mil. Em contrapartida, entre aqueles com mais de 20 anos, essa taxa é de 112,5. O Exame Nacional do Ensino Médio, que ocorre nos dias 3 e 10 de novembro, traz com ele a pressão de 4,3 milhões de inscritos que sonham com um futuro promissor.

"É minha segunda vez prestando o Enem. Na primeira, eu sabia todo o conteúdo que cairia, mas na hora da prova deu um ‘branco’ total; fiquei muito nervosa. Hoje percebo que tive uma crise de ansiedade e não soube lidar com isso", relata Júlia de Souza Guimarães, uma das milhares de vestibulandas que compartilham desse desafio emocional.

Para aprofundar a discussão, conversamos com Edna Lúcia Tinoco Ponciano, professora associada do Instituto de Psicologia da UERJ. Ela explica que o período do Enem não é apenas uma prova; é um momento de extrema pressão e responsabilidade que pode, de fato, prejudicar a saúde mental dos estudantes. "Concentrar todas essas expectativas e decisões de vida em um único teste provoca um tumulto emocional que a maioria dos jovens ainda não está pronta para enfrentar. Isso pode realmente destruir o psicológico do aluno."

A conscientização é fundamental. É urgente que sociedades, escolas e famílias compreendam a importância de cuidar da saúde mental com a mesma seriedade que se trata a saúde física. Edna ressalta que precisamos de um acompanhamento psicológico eficaz, onde os jovens possam entender que cada um tem seu próprio tempo de desenvolvimento — tudo pode se ajeitar com paciência.

Aceitar as emoções é o primeiro passo para o controle da saúde mental. "Muitas pessoas têm dificuldades em expressar e lidar com suas experiências motivadas pela ansiedade e frustração, especialmente neste mundo moderno acelerado. Se você não aceita o que sente, nunca conseguirá tratá-lo."

A professora também recomenda a busca por profissionais capacitados que possam oferecer suporte. Técnicas como respiração consciente, meditação e pensamento positivo podem ser ferramentas eficazes no enfrentamento do estresse, não apenas relacionado ao Enem, mas a várias situações da vida.

Historicamente, o foco excessivo na produtividade levou o bem-estar psicológico a ser negligenciado. A pandemia de COVID-19 trouxe à tona a necessidade de discutir a saúde mental de forma mais aberta. Após longos períodos de isolamento, muitos perceberam que estavam sobrecarregados e precisavam de apoio.

A habilidade de lidar com situações estressantes e fora de controle é uma competência essencial a ser desenvolvida ao longo da vida. O segredo está em fomentar uma regulamentação emocional que ajude os jovens a tomar decisões mais equilibradas. O autoconhecimento e a prática do autocontrole são imprescindíveis.

O que você está fazendo para cuidar da sua saúde mental? Não deixe que a pressão do Enem defina seu futuro. É hora de priorizar seu bem-estar!