O Impacto da Inteligência Artificial no Aumento do Uso da Energia Nuclear
2024-11-04
Autor: João
Desde 2010, o número de usuários de internet no mundo mais que dobrou, resultando em um aumento de 20 vezes no tráfego global da internet. Essa crescente demanda, especialmente impulsionada por atividades como a mineração de criptomoedas, já era um sinal de alerta para o consumo de energia, mas o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) levou tudo a um novo patamar. Na Dinamarca, por exemplo, a projeção é que o consumo de energia dos centros de dados cresça seis vezes até 2030, representando quase 15% do uso total de eletricidade do país.
As grandes empresas de tecnologia estão se mobilizando para enfrentar esse desafio. Entre 2017 e 2021, o consumo de energia da Amazon, Microsoft, Google e Meta mais que dobrou. Em 2022, essas quatro gigantes gastaram juntas 72 TWh, o equivalente a 1 trilhão de watts por hora, suficiente para abastecer milhões de residências por um ano.
A solução adotada por essas empresas parece ser a energia nuclear. Segundo uma reportagem de julho de 2023 do Wall Street Journal, um terço das usinas nucleares nos Estados Unidos está em negociações para fornecer eletricidade aos centros de dados de tecnologia.
Iniciativas Empreendedoras
Recentemente, a Microsoft anunciou a reabertura de sua usina nuclear na ilha Three Mile, na Pensilvânia, conhecida por um dos piores acidentes nucleares da história dos EUA em 1979. Além disso, está investindo em novas tecnologias de reatores.
O Google também avançou, firmando um acordo para utilizar energia gerada por pequenos reatores da Kairos Power, da Califórnia. A previsão é que até o fim da década, 500 MW de energia livre de carbono estejam disponíveis para as redes elétricas dos EUA.
A Amazon fez um investimento significativo de US$ 500 milhões no desenvolvimento de pequenos reatores e planeja usar a eletricidade da Constellation Energy, instalando seu centro de dados ao lado da usina nuclear da empresa na Pensilvânia.
Desafios Ambientais e Preocupações
Apesar dos riscos associados, a energia nuclear se posiciona como uma alternativa mais limpa em comparação a muitas outras fontes de energia. Durante a operação normal, as usinas nucleares emitem praticamente zero carbono, colocando-as ao lado de fontes como solar, eólica e hidrelétrica.
Contudo, a energia nuclear ainda enfrenta resistência devido a preocupações com segurança. Acidentes emblemáticos, como os de Three Mile Island e Chernobyl, geraram sérias questões sobre os riscos associados. Além disso, a gestão de resíduos nucleares e a regulamentação do setor permanecem como desafios críticos para o avanço dessas usinas.
Possíveis Emissões Futuras e Água
Especialistas alertam que o aumento no consumo de energia pode agravar as emissões de CO2 e a pressão sobre os recursos hídricos. Atualmente, centros de dados e redes de transmissão representam 1% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à energia, um número que precisa ser reduzido pela metade até 2030 para atender às metas globais de sustentabilidade.
Pesquisadores também projetam que o consumo de água pela IA poderá alcançar bilhões de metros cúbicos até 2027, uma consideração preocupante, pois a água utilizada no resfriamento e na fabricação de chips já está sob pressão global.
O Papel do Brasil na Energia Nuclear
Aqui no Brasil, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enfatizou a necessidade de concluir as obras da usina Angra 3 para suprir a demanda crescente dos data centers. Ele afirmou: "A energia para os data centers e para a inteligência artificial é, e deverá ser, nuclear, que é uma fonte de energia firme". O ministério já notou um aumento no uso de eletricidade por data centers e está trabalhando para garantir que a infraestrutura elétrica possa suportar a transformação digital do país.