Nação

O futuro da Praia do Futuro: onde irão as famílias afetadas pela Dessal?

2024-11-13

Autor: Mariana

A Praia do Futuro enfrenta um dilema iminente com a construção da usina Dessal, a maior planta de dessalinização da América Latina. Essa megaprojecto não só afetará a paisagem urbana de Fortaleza, mas também impactará diretamente cerca de 250 famílias que vivem nas comunidades Vista para o Mar, Vila Norte Sul, Benção e Deus é Fiel, que ocupam a área designada para a instalação da usina.

A ideia inicial de mover o local da instalação para proteger cabos submarinos se transformou em um novo desafio: garantir o reassentamento das famílias que habitam a região. Para isso, a Superintendência do Patrimônio da União no Ceará (SPU/CE) considera que o realojamento é essencial. Com as obras programadas para começarem em 2025, a usina promete beneficiar cerca de 720 mil cearenses ao fornecer água tratada para a cidade e região metropolitana.

Em busca de seus direitos, as comunidades afetadas têm se mobilizado, buscando suporte de defensores e organizações de direitos humanos. A esperança surge com a possibilidade de um novo condomínio do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) ser construído, possibilitando moradia digna para as famílias que têm vivido em situação precária.

O Governo do Ceará, através da Secretaria das Cidades e da Procuradoria-Geral do Estado, assegura que está em negociação com os moradores. A vereadora Adriana Gerônimo (Psol) destaca que um plano de ação está em elaboração e propõe a utilização de terrenos vazios em áreas da Praia do Futuro para a habitação social.

Entretanto, o desafio vai além da Dessal. A questão da moradia é um problema crônico em Fortaleza, onde muitas famílias vivem em condições mínimas de habitabilidade e sem acesso a serviços básicos. A falta de políticas habitacionais efetivas tem levado famílias a esperarem por solução por períodos prolongados, uma situação que se agrava ainda mais com as forças da natureza, como a chegada da temporada de chuvas.

A necessidade de ações que garantam a dignidade dessas famílias é urgente. Muitas delas enfrentam o medo de serem removidas sem um plano claro de reassentamento. Um levantamento realizado pela Defensoria Pública do Estado do Ceará revelou que a quantidade de pessoas afetadas pela Dessal pode ser bem maior do que as 250 famílias inicialmente mencionadas, podendo chegar a cerca de 700 a 1.000 indivíduos em estado de vulnerabilidade extrema.

Por trás das estatísticas, há rostos e histórias de sofrimento e luta por dignidade. A líder comunitária Marcelânia Oliveira ressalta que a pressão para uma solução habitacional é intensa, e as comunidades continuam lutando por seus direitos. O engajamento de ONGs, defensores e grupos comunitários é crucial para pressionar o governo a agir e assegurar que as promessas de reassentamento se traduzam em realidade.

No entanto, há também quem, mesmo na proximidade do novo projeto, ainda se sinta desamparada. Virgínia Lilian e sua mãe Adelina moram em condições precárias ao lado do terreno da Dessal e lutam para ser ouvidas em meio a uma resposta institucional que frequentemente ignora suas necessidades. A precariedade de suas moradias se torna mais evidente com a deterioração da estrutura devido às intempéries.

A situação de vulnerabilidade das famílias na Praia do Futuro exige atenção e ação urgente. Assim, o futuro dessa comunidade está nas mãos das autoridades, que precisam formular estratégias efetivas para garantir moradia digna e sustentável a todos os afetados pela Dessal.