Negócios

O casal que processou o Google e fez a gigante de tecnologia pagar R$ 14 bilhões

2024-10-29

Autor: Ana

O início da jornada

"O Google essencialmente nos fez desaparecer da internet."

O dia de lançamento de uma startup pode ser um momento de euforia, mas para Shivaun Raff e seu marido Adam, o dia quando lançaram o Foundem, um site inovador de comparação de preços, foi marcado por frustração e desilusão.

Naquele junho de 2006, eles dedicaram suas economias e abandonaram carreiras promissoras para criar uma plataforma que permitiria aos consumidores comparar uma vasta gama de produtos, de roupas a passagens aéreas. Contudo, logo após o lançamento, tiveram a triste surpresa de descobrir que o site foi penalizado pelos filtros automáticos de spam do Google.

O golpe inicial

Essas penalizações fizeram com que o Foundem desaparecesse das páginas de resultados do Google quando os usuários buscavam termos como "comparação de preços". Sem visibilidade, o site que precisava de cliques para gerar receita começou a declinar rapidamente. "Foi como um golpe no estômago", lembrou Adam. O casal nunca imaginou que isso desencadearia uma batalha judicial que se estenderia por 15 anos.

A reação da Comissão Europeia

Em 2017, a Comissão Europeia concluiu que o Google abusou de seu domínio de mercado, favorecendo seus próprios serviços em detrimento de concorrentes, o que resultou em uma multa recorde de 2,4 bilhões de euros (aproximadamente R$ 14,7 bilhões). Esse caso é considerado um marco na regulação global das empresas de tecnologia.

Adicionando uma perspectiva interessante, ao longo da batalha judicial, o Foundem não foi o único afetado. Durante as investigações, mais de 20 queixas semelhantes foram apresentadas contra o Google, de empresas como Kelkoo e Trivago. Essa situação levou a uma crescente pressão para que o Google mudasse suas práticas comerciais, que muitos consideravam injustas.

A busca por justiça

O casal, após não obter resposta nas solicitações ao Google para reverter a penalização, buscou apoio da mídia e apresentou queixas a órgãos reguladores não apenas no Reino Unido, mas também nos Estados Unidos e na Europa. A Comissão Europeia finalmente abriu uma investigação antitruste, reconhecendo problemas estruturais mais amplos na forma como o Google operava.

O resultado esperado, mas não celebrado

Shivaun e Adam estavam na expectativa de uma vitória, mas não celebraram o resultado como se esperava. Eles estavam mais focados em garantir que as mudanças realmente acontecessem. "Acho que foi uma pena para o Google o que fizeram conosco. O sistema precisa de competição justa para prosperar", comentou Shivaun.

A luta continua

Mesmo após a histórica decisão contra o Google, o casal afirma que a luta não acabou. Sob a nova Lei de Mercados Digitais, a Comissão Europeia continua investigando práticas que poderiam ainda ser anticompetitivas, especificamente envolvendo a empresa-mãe do Google, Alphabet.

O casal ainda busca reparação em forma de danos civis, com um julgamento previsto para o primeiro semestre de 2026. Porém, a história do Foundem serve como um alerta sobre as dificuldades que startups podem enfrentar em um mercado dominado por gigantes da tecnologia e como um case exemplar na luta pela justiça e equidade no ambiente digital.

Reflexão sobre a jornada

"Se soubéssemos que essa luta demoraria tantos anos, talvez tivéssemos tomado um caminho diferente", revela Adam, refletindo sobre a jornada que transformou suas vidas e os desafios que muitas startups enfrentam na era da tecnologia. O caso Foundem continua a ressoar como uma batalha emblemática na luta contra a monopolização na internet.