Saúde

Novo Complexo Hospitalar em Minas Gerais: A Resposta do Estado para Futuras Pandemias

2025-04-07

Autor: Mariana

Um ambicioso projeto está prestes a transformar o cenário da saúde em Belo Horizonte. O novo complexo hospitalar que será construído na área do extinto Hospital Galba Velloso foi especialmente planejado para enfrentar emergências de saúde pública, como a pandemia de Covid-19 e surtos de dengue, que já afetam a população.

Em entrevista ao programa "Café com Política", o secretário estadual de saúde, Fábio Baccheretti, revelou que o objetivo é garantir que a unidade hospitalar possa dobrar sua capacidade de leitos em situações emergenciais. Inicialmente, a estrutura contará com 532 leitos, distribuídos por diversas especialidades médicas.

"Serão leitos que podem ser expandidos rapidamente. Se houver necessidade, em um dia, poderemos aumentar o número de leitos. O hospital será projetado para se adaptar a mudanças rápidos na demanda", afirmou Baccheretti. A nova unidade contará com apartamentos de internação, permitindo uma flexibilidade que não apenas melhora o atendimento, mas também amplia as possibilidades de assistência, com instalações adequadas como pontos de oxigênio e ar comprimido já nas salas.

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Este novo complexo é uma das pierres angulares da estratégia do governo mineiro, prometendo significativo custo-benefício e agilidade nos serviços de saúde. Juntamente, quatro dos oito hospitais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) - incluindo a Maternidade Odete Valadares e o Hospital Infantil João Paulo II - serão integrados nesse novo projeto, otimizando recursos e serviços.

O investimento estimado é superior a R$ 1 bilhão, financiado em parte por parcerias público-privadas (PPPs), e a licitação para as obras deve ocorrer ainda este ano, com início previsto para 2026.

Com esse novo hospital, a ideia é eliminar a necessidade de hospitais de campanha e utilização de blocos cirúrgicos como leitos de internação, uma prática comum durante a pandemia. O complexo será dirigido pelo Hospital Eduardo de Menezes, uma instituição de referência em doenças infectocontagiosas no estado. Os pacientes do SUS que necessitam de serviços de oncologia, infectologia, pediatria e maternidade serão atendidos em um único local, enquanto a gestão dos serviços não assistenciais ficará a cargo da empresa vencedora do leilão.

No entanto, o secretário Baccheretti destacou um desafio persistente: a escassez de anestesistas e terapeutas ocupacionais. O mercado privado tem atraído muitos desses profissionais, em especial para clínicas de estética, resultando em uma pressão significativa sobre o sistema público, que realiza cerca de um milhão de cirurgias anuais. "Precisamos desses especialistas fundamentais em nosso sistema de saúde", afirmou.

Além disso, está em alta a demanda por pediatras e terapeutas ocupacionais, especialmente no interior de Minas Gerais, onde o aumento dos diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) exige mais profissionais capacitados. Baccheretti fez um apelo urgente para repensar a formação médica no Brasil, destacando que para cada cem médicos formados, apenas 25 conseguem uma vaga na residência.

"Estamos formando muitos médicos, mas poucos se especializam. É hora de refletirmos sobre a qualidade e a verdadeira demanda do SUS", concluiu o secretário, ressaltando a preocupação com o futuro da saúde pública no estado.