Pesquisadores do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madri, na Espanha, fizeram uma descoberta que pode revolucionar nossa compreensão sobre os Neandertais. A partir da análise de uma caixa torácica de um Neandertal encontrado na região que hoje corresponde ao Iraque, a equipe descobriu características únicas que nos levam a repensar como esses hominídeos enfrentavam o frio intenso.

O estudo revela que o esqueleto examinado possui uma configuração de tórax "em forma de sino", uma morfologia distinta dos humanos modernos. Essa peculiaridade sugere que os Neandertais eram mais bem adaptados às baixas temperaturas, similar a grupos humanos contemporâneos que habitam áreas frias do planeta.

Pesquisadores impressionados com a descoberta

A caixa torácica, que inclui 12 pares de costelas, o esterno e suas cartilagens, é crucial no estudo dos Neandertais, pois pode fornecer insights sobre a fisiologia, a adaptação climática e as dietas desses hominídeos.

Pesquisas anteriores indicavam que os Neandertais tinham torsos mais robustos e sistemas respiratórios maiores, possivelmente devido à necessidade de se manter aquecidos ou em resposta a dietas com alto teor protéico. Contudo, o novo estudo, publicado no respeitado Journal of Human Evolution, fornece novas revelações que podem mudar essa narrativa.

Seguindo a pesquisa, por meio de tomografias computadorizadas avançadas e análises morfométricas precisas, os cientistas conseguiram descrever a anatomia torácica dos Neandertais de maneira detalhada. Eles descobriram que suas costelas eram mais longas e dispostas horizontalmente em relação às dos humanos modernos, resultando em um tórax inferior mais amplo, ideal para respiração em ambientes frios.

Descobertas que abrem novas perguntas

A equipe de pesquisa fez comparações entre o esqueleto neandertal e os de humanos modernos de diferentes partes do mundo, agrupando-os segundo suas adaptações climáticas. O resultado foi surpreendente: as caixas torácicas dos Neandertais se destacaram, mostrando semelhanças com os humanos modernos que vivem nas regiões mais frias, enquanto se separavam da anatomia de humanos que habitam climas mais quentes.

Isso levanta questões intrigantes sobre a evolução: as características dos Neandertais são um exemplo de adaptação convergente a climas frios, ou seriam resultado de um intercâmbio genético com os humanos modernos? Essa descoberta não só redefine nossa compreensão sobre a adaptabilidade dos Neandertais, mas também nos provoca a refletir sobre as complexas relações entre as várias espécies de hominídeos que coexistiram no passado.