
'Não quero morrer de forma lenta e dolorosa': as últimas horas de um homem que escolheu a morte assistida
2025-04-08
Autor: Gabriel
A história de Wayne Hawkins, um homem de 80 anos que optou pela morte assistida em San Diego, California, ilustra o profundo e muitas vezes controverso debate sobre a eutanásia. Em sua casa ensolarada, rodeado pela esposa Stella e suas filhas Emily e Ashley, Hawkins se prepara para um desfecho que ele considera uma escolha digna e respeitosa.
O marido e pai, debilitado por uma doença terminal, decidiu que não suportaria mais o sofrimento. 'Em alguns dias, a dor é quase insuportável', afirmou, destacando que não desejava um fim marcado por intervenções médicas invasivas e prolongadas. 'Como alguém que já viu familiares enfrentando mortes horríveis, está claro para mim que não quero passar por isso', acrescentou.
Ele convidou a BBC News para documentar sua jornada, esperando que sua história ajude a iluminar a questão da morte assistida em outras partes do mundo, incluindo o Reino Unido, onde a legislação sobre o tema está atualmente em debate. O projeto de lei britânico, que pode permitir que pessoas com doenças terminais façam escolhas semelhantes, deverá ser discutido novamente este mês na Câmara dos Comuns.
Hawkins tomou três comprimidos para evitar náuseas antes de ingerir a medicação letal, que era uma combinação de cinco substâncias potentes que lhe foram entregues semanas antes. Essa opção de término de vida, disponível na Califórnia desde 2016, continua a gerar opiniões divididas, refletindo questões éticas complexas.
Enquanto isso, Stella, sua esposa dedicada, expressou total apoio à decisão dele. 'Ele sempre foi independente e determinado', disse. 'Eu vi ele sofrer e não quero isso para ele.'
No dia da morte de Hawkins, ele tomou o líquido rosa misturado com suco para disfarçar o gosto amargo. Após dizer um último 'boa noite' à sua família, ele levou a medicação à boca com segurança, um ato de alívio que ele havia esperado há semanas. O médico Donnie Moore, responsável por acompanhar a cena, observou que a morte geralmente ocorre dentro de uma a duas horas após a ingestão.
Os momentos finais foram marcados por risadas e memórias, com a família relembrando tempos felizes, enquanto Hawkins se despedia deste mundo, favorecendo uma morte pacífica a sofrer uma lenta e dolorosa. Sua escolha reflete não só a luta pessoal de um homem contra a dor, mas também um dilema que afeta famílias e sociedades inteiras, que ainda estão tentando decidir sobre o papel da morte assistida em um mundo cada vez mais complexo.
As discussões a respeito da morte assistida na Califórnia e no Reino Unido estão longe de chegar a um consenso, e a história de Wayne Hawkins serve como um poderoso lembrete de que, em última análise, a questão não é apenas legal, mas profundamente humana.