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'Não ouça só Faria Lima!', Lula orienta agências de risco sobre o Brasil

2024-09-25

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo contundente nesta quarta-feira (25) às agências de classificação de risco, pedindo que não se limitem a ouvir apenas a voz dos empresários da Faria Lima ao analisarem o cenário econômico brasileiro.

A declaração ocorreu durante uma coletiva de imprensa na ONU, em Nova York, onde Lula está presente para participar da Assembleia Geral, evento que reúne líderes mundiais para discutir assuntos globais cruciais.

"Chamei [as agências], porque é essencial que vocês ouçam diretamente do presidente da República o que realmente está acontecendo no Brasil. Não é suficiente ouvir apenas Faria Lima; ouçam também os trabalhadores e a voz da presidência", destacou Lula, enfatizando a importância de um diálogo mais abrangente com diferentes setores da sociedade.

O presidente também reiterou seu apoio ao compromisso fiscal delineado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao participar de várias reuniões com importantes agências internacionais de classificação de risco durante sua viagem aos Estados Unidos.

Lula e Haddad se reuniram com três dessas empresas ao longo de sua estada em Nova York. Na segunda-feira (23), o presidente se encontrou com Yann Le Pallec, chefe dos serviços de rating da S&P, seguido por um encontro com Michael West, presidente da Moody's. No dia seguinte, recebeu Paul Taylor, presidente da Fitch, na missão brasileira na ONU.

Fontes próximas ao presidente informaram que essa aproximação reforça o suporte do governo a Haddad em suas políticas de ajuste fiscal, um tema sensível em tempos de incerteza econômica. O gesto de Lula, de engajar-se pessoalmente com os representantes das agências, é um movimento inédito em seu terceiro mandato. O Palácio do Planalto confirmou que, durante seus dois mandatos anteriores (2003-2010), ele não realizou encontros dessa natureza com essas entidades.

Além disso, é importante destacar que a percepção das agências de risco sobre o Brasil tem um impacto significativo na confiança dos investidores estrangeiros, o que pode influenciar diretamente o fluxo de capitais e a valorização da moeda brasileira. Com a economia global em constante transformação, a mensagem de Lula reflete uma estratégia para assegurar que o Brasil não seja visto apenas sob a perspectiva elitista, mas sim como um país que necessita integrar também a voz dos trabalhadores e dos cidadãos comuns em sua narrativa econômica.