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Moove, a nova gigante do Uber, adquire a Kovi em uma jogada estratégica surpreendente

2025-01-29

Autor: Carolina

A Moove, uma fintech nigeriana especializada no financiamento de veículos para motoristas de aplicativo, acaba de anunciar uma aquisição que promete revolucionar o mercado: a compra da Kovi, uma startup brasileira que já está fazendo sucesso no Brasil e no México.

As negociações começaram no meio do ano passado, e esta fusão cria um conglomerado impressionante com uma receita pro forma de US$ 275 milhões para 2024, onde 60% virão da Moove e o restante da Kovi, somando uma frota de 36 mil veículos.

Embora a transação seja uma troca de ações entre os sócios, os percentuais ainda permanecem sob sigilo. O co-fundador e co-CEO da Moove, Ladi Delano, expressou entusiasmo sobre a aquisição, destacando a forte presença da Kovi no Brasil, um dos mercados de mobilidade mais dinâmicos do mundo. 'Esta transação reafirma nossa posição como um dos principais players no setor de mobilidade global', afirmou Delano.

Adhemar Milani Neto, CEO e fundador da Kovi, tranquilizou os stakeholders ao confirmar que, apesar da aquisição, a gestão da Kovi continuará inalterada. 'Vamos manter o nome Kovi e eu continuarei como CEO. A mudança será que a Kovi será incorporada e eu me tornarei um fundador da Moove', disse Milani ao Brazil Journal.

Fundada em 2019 por Ladi Delano e Jide Odunsi, a Moove surgiu com o lema de democratizar a compra de veículos na África. Diferentemente da Kovi, que opera majoritariamente no modelo de asset light – alugando veículos de montadoras através de contratos de leasing e sublocando para motoristas – a Moove adquire os veículos e os vende diretamente para motoristas, que pagam o financiamento com a renda gerada pelas corridas.

O sucesso dessa estratégia fez com que a Moove se expandisse rapidamente, alcançando 19 cidades em cinco continentes. A startup africana atraiu a atenção de grandes investidores, levantando até agora um total de US$ 250 milhões em equity e outros US$ 210 milhões em dívidas, com nomes renomados como Uber, BlackRock e Mubadala. Somente no ano passado, o Uber liderou uma rodada de investimento de US$ 100 milhões na empresa.

Com esses novos recursos, a Kovi planeja ampliar sua atuação na América Latina. A startup também conta com investidores como Monashees, Globo Ventures e o ex-fundador do PayPal, Peter Thiel. Em 2021, a Kovi obteve um aporte de R$ 500 milhões, buscando acelerar seu crescimento no mercado latino, embora tenha enfrentado desafios devido à crise dos semicondutores, que impactou a produção de veículos.

'Com a escassez de veículos, decidimos priorizar questões internas e focar nos mercados onde já estávamos, que eram Brasil e México. Além disso, começamos a oferecer carros usados em nossa plataforma', revelou Adhemar.

Apesar desse desafio, a Kovi apresentou um crescimento notável de 50% em cada um dos últimos três anos. Com a injeção de capital da Moove, a empresa planeja explorar novos mercados na América Latina, além de expandir suas operações no Brasil, onde atualmente atua apenas em São Paulo e Porto Alegre.

A ambição é grandiosa: 'Queremos estar em todas as capitais do Brasil até 2025', declarou. Com a integração das operações, espera-se que a Kovi adote uma abordagem mais robusta com uma frota própria, ao invés de depender somente do leasing.

'Sabemos operar em um modelo asset light enquanto a Moove é mais asset heavy. Portanto, acredito que a Kovi se tornará um pouco mais como a Moove, e a Moove também se moldará para ser mais próxima da Kovi', concluiu Adhemar.

Uma das inovações que a Kovi planeja levar para os outros mercados da Moove é a criação de uma oficina própria, que ajudará a reduzir os custos relacionados à manutenção dos veículos alugados. 'Estamos até abrindo um curso técnico para mecânicos, com a possibilidade de remunerá-los durante a formação', finalizou.