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Moçambique enfrenta crise intensa: Oposição propõe medidas extremas e País à beira do colapso

2024-12-29

Autor: Lucas

Moçambique está atravessando a mais severa crise em meio século, com observadores internacionais, incluindo representantes da União Europeia e da CPLP, denunciando a manipulação dos resultados eleitorais. O governo dos Estados Unidos também endossa as críticas, alertando para as "irregularidades significativas" observadas no processo eleitoral.

Em 9 de outubro, um dia antes do anúncio oficial dos resultados, o líder da oposição, Venâncio Mondlane, proclamou sua vitória e alertou a nação sobre o "caos" caso o Conselho Constitucional validasse a vitória do candidato do governo, Daniel Chapo. Contudo, o governo confirmou Chapo como o vencedor, que assumirá a presidência em 15 de janeiro.

Mondlane, conhecido por sua admiração a Jair Bolsonaro e sua posição como pastor evangélico, fez um apelo à população para protestos nas ruas, o que gerou uma onda de violência que foi rapidamente controlada por um governo já combalido. O opositor nega qualquer responsabilidade pela turbulência, acusando o governo de empregar "táticas soviéticas" para fomentar a instabilidade. Em suas declarações, ele insinuou, sem apresentar provas, que agentes policiais estavam envolvidos em atividades criminosas, como arrombamentos.

Oposição sugere paramilitares e agitação social

Em sua mais recente aparição nas redes sociais, Mondlane reiterou sua intenção de contestar os resultados e intensificar os protestos, afirmando: "Vamos aumentar as manifestações". Ele alegou que há execuções de prisioneiros em centros de detenção e pediu à comunidade internacional que reconheça a Frelimo, o partido no poder, como uma força terrorista. "Está na hora de isso ser decretado. A partir de segunda-feira, haverá uma petição para que o mundo assim o considere", insistiu.

O opositor também sugeriu que, se necessário, ele daria seu "aval" para a formação de grupos paramilitares que atuariam em defesa do povo. Além disso, ele propôs um concurso para redesenhar a bandeira nacional e a proibição de qualquer produto associado à Frelimo. "Lojas que vendem camisetas da Frelimo devem ser fechadas", alertou.

Mondlane afirmou que tomará posse, independentemente do que acontecer com o governo atual. "Eu vou assumir a presidência em Moçambique. Isso é o que eu vou fazer", declarou à rede CNN.

Opositor ainda anunciou planos ambiciosos

Nos dias 6 e 7 de janeiro de 2025, ele organizará a sua própria eleição em todos os níveis, desde províncias até bairros; o foco será na escolha de líderes locais, como governadores e administradores de distrito; ele pretende substituir os nomes de ruas e avenidas, com sugestões vindas diretamente da população; além disso, pediu que seus apoiadores criassem molduras para suas fotos, a serem exibidas pelo país como símbolo de sua liderança.

Destruição em massa

A devastação em Moçambique é alarmante. Mais de cem postos de gasolina foram vandalizados, o que aumenta o risco de um colapso no abastecimento em um dos países mais pobres do mundo. Incêndios resultaram em perdas acima de 14 milhões de euros no setor da saúde, com a destruição de 77 ambulâncias e veículos.

Agostinho Vuma, presidente da Confederação das Associações Econômicas de Moçambique, informou que perdas financeiras estão estimadas em 24,8 bilhões de meticais (equivalente a 360 milhões de euros) e que 500 empresas foram afetadas por vandalismos ou saques. "A magnitude das destruições é tão severa que muitas empresas não poderão operar imediatamente, expondo mais de 500 mil trabalhadores ao desemprego", explicou.

Além disso, Vuma destacou que a Província de Maputo e a cidade homônima correspondem a 40% da capacidade industrial do país, sendo dominadas por indústrias metalúrgicas, de bebidas, alimentos e setores gráficos. "A continuidade desse ciclo de vandalismo poderá acentuar a escassez de bens, levando a um desemprego em massa e agravando as já precárias condições sociais no país", alertou.

A crise é tal que uma cidadã anônima expressou sua frustração em um site de notícias, contestando a proposta de Mondlane de cancelar celebrações, como o Natal, em favor de manifestos. "Ninguém deveria intervir nas nossas tradições sagradas. A situação já é trágica e as manobras de Mondlane apenas pioram as coisas", concluiu.

Moçambique clama por uma solução urgente, enquanto seus cidadãos enfrentam um futuro incerto. As tensões políticas e a desintegração da ordem social sugerem que tempos difíceis estão por vir.