Após quase um ano no poder, o governo de Javier Milei passa por uma reformulação drástica em um de seus ministérios mais estratégicos, o das Relações Exteriores. Recentemente, o presidente exigiu a saída de todos os secretários e subsecretários da pasta, de acordo com relatos dos principais veículos de comunicação da Argentina.

A mudança acontece no mesmo dia em que Gerardo Werthein, empresário e até então embaixador argentino nos Estados Unidos, foi empossado como novo chanceler em Buenos Aires. Ele substitui Diana Mondino, que se viu forçada a renunciar após um voto polêmico na ONU que desagradou Milei.

Essa ação reflete uma tentativa do presidente ultraliberal de alinhar sua equipe diplomática com sua visão política, especialmente em relação à sua forte crítica à Agenda 2030 da ONU, que visa o desenvolvimento social. Além disso, recentemente, Milei emitiu um comunicado orientando diplomatas a seguirem rigorosamente suas diretrizes ideológicas.

A crise na diplomacia argentina se intensificou quando Milei exigiu a demissão de Mondino, após ela orientar diplomatas em Nova York a apoiar uma resolução para o fim do embargo americano a Cuba. Este voto, segundo fontes, foi feito visando angariar suporte futuro em questões relacionadas às Ilhas Malvinas, um tema sensível com o Reino Unido. Entretanto, tal posicionamento estranho aos interesses dos Estados Unidos e de Israel, aliados que Milei considera primordiais.

"Meu alinhamento no mundo é com os EUA e com Israel", afirmou Milei durante uma aparição em um programa de TV. Ele também destacou que todos os responsáveis por decisões contrárias a essa orientação sairiam da chancelaria.

A escolha de Werthein, que tem formação em veterinária, não é apenas um reflexo da proximidade com Milei, mas também ocorre em um momento estratégico, já que coincide com importantes eventos internacionais, como a reunião do G20 no Rio de Janeiro e a cúpula do Mercosul no Uruguai, programadas para os próximos meses. Além disso, espera-se a assinatura de um acordo de livre comércio com a União Europeia, o que pode ser um teste de como a nova liderança se sairá em negociações cruciais.

Por fim, ao nomear Werthein, Milei não apenas promoveu uma auditoria no corpo diplomático, mas também fez um juramento simbólico sob a Torá, reforçando sua busca por uma política exterior que une sua visão de liberdade e um laço mais forte com Israel e sua cultura. A ascensão de Werthein promete reconfigurar as relações externas do país e deixar uma marca indelével na política argentina nos próximos anos.