Saúde

Microplásticos Encontrados no Cérebro Humano: O Que Isso Significa para a Nossa Saúde?

2024-12-26

Autor: João

Você sabia que os microplásticos podem ter invadido um dos lugares mais protegidos do corpo humano: o cérebro? Estudo recente revela que esses minúsculos fragmentos de plástico, menores que 5 milímetros, foram encontrados diretamente no cérebro de pessoas. Este achado alarmante levanta questões preocupantes sobre seus possíveis impactos à saúde.

— Em toda parte onde se procura por microplásticos, eles são encontrados. Já foram identificados no pulmão, na placenta, no fígado, no coração e até nas artérias carótidas. O cérebro era considerado um local protegido, mas já havia indícios em estudos com animais de que essas partículas conseguem ultrapassar a barreira hematoencefálica — explica Thais Mauad, líder da pesquisa e professora associada do departamento de Patologia da FMUSP.

Os microplásticos são oriundos da degradação de diversos produtos, como embalagens de alimentos, roupas e pneus, e acabam contaminando a água, o solo e, por consequência, a nossa alimentação e o ar que respiramos. Recentemente, um estudo focando o bulbo olfatório, responsável pelo olfato, revelou a presença desses fragmentos em oito das 15 amostras analisadas de indivíduos falecidos em São Paulo. O plástico mais comum encontrado foi o polipropileno, que é comumente usado em roupas e embalagens.

— Precisamos entender o que isso pode significar em termos de saúde. Em modelos animais, foi observado que o microplástico pode causar alterações neurobiológicas, afetando neurotransmissores e comportamentos — alerta Mauad. Além da via olfatória, a pesquisadora adverte que microplásticos podem ainda entrar no cérebro via sangue, uma possibilidade que precisa ser mais investigada.

A presença de microplásticos não se limita apenas ao cérebro. Esses fragmentos também foram identificados em fluidos corporais como leite materno, urina e até no sangue humano. Um estudo publicado no prestigiado New England Journal of Medicine revelou que 60% dos participantes apresentaram microplásticos nas artérias, aumentando significativamente o risco de doenças cardiovasculares.

A ingestão de microplásticos ocorre, muitas vezes, através de alimentos e bebidas. Um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences mostrou que garrafas de água podem conter em média 240 mil fragmentos plásticos por litro! Além disso, amostras de carnes e verduras também mostraram contaminação elevada, com 90% das amostras testadas contendo microplásticos.

Os plásticos são compostos por uma mistura complexa de substâncias químicas, incluindo aditivos potencialmente tóxicos. Pesquisas apontam que mais de 2.400 desses aditivos podem ser preocupantes, como o bisfenol A (BPA), que tem sido associado a problemas de saúde como câncer e disfunções hormonais. A relação entre a exposição ao BPA antes do nascimento e o aumento no risco de autismo também está sendo explorada por cientistas, com alguns estudos apontando uma correlação preocupante.

— Embora o plástico seja praticamente onipresente em nosso cotidiano, é vital tomarmos medidas para minimizar nossa exposição — alerta Mauad. A substituição de plásticos de uso único, como copos e talheres, por alternativas reutilizáveis e a preferência por alimentos frescos em vez de embalados podem ser passos simples, mas eficazes.

Estamos vivendo em um mundo onde o plástico se tornou parte de nossa rotina, mas precisamos agir agora para proteger nossa saúde e a das futuras gerações. A pesquisa ainda está em andamento, mas os sinais estão claros: os microplásticos não são uma questão isolada, e devemos nos informar e agir imediatamente!