'Medo de Morrer': O Terrível Relato dos Brasileiros Deportados dos EUA
2025-01-26
Autor: Lucas
Neste final de semana, brasileiros deportados dos Estados Unidos que retornaram a Belo Horizonte relataram experiências angustiantes, repletas de agressões, ameaças e um tratamento considerado desumano por parte dos agentes de imigração americanos. Ao desembarcarem no aeroporto de Confins, após serem libertados pela Polícia Federal, muitos dos deportados revelaram ter permanecido algemados por até 50 horas, sem ar condicionado durante o voo e sujeitos a abusos constantes.
Jefferson Maia, um dos deportados, compartilhou sua amarga experiência, afirmando: "Nem cachorro merecia ser tratado daquele jeito." Ele descreveu as condições desumanas em que ficou preso durante dois meses nos EUA após cruzar a fronteira com o México. "Passei quase 50 horas acorrentado sem comer direito. Estou há cinco dias sem tomar banho."
A situação se agravou quando, de acordo com Jefferson, os agentes tentaram fazer o avião decolar mesmo apresentando falhas mecânicas. Ele afirmou que foi agredido enquanto tentava alertar sobre o problema: "O agente me enforcou, puxou a corrente das algemas até meu braço sangrar. Não volto nunca mais para os EUA."
Os relatos se tornaram ainda mais sombrios quando outros deportados indicaram que uma de suas raras oportunidades de pedir ajuda ocorreu ao abrir uma porta de emergência e gritar por socorro. Denilson José de Oliveira, de 26 anos, expressou sua angústia: "Senti muito medo. Parecia que estavam tentando nos matar."
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, destacou que o governo Lula determinou imediatamente a retirada das algemas dos brasileiros ao ser informado pela Polícia Federal sobre a situação. Ele classificou as ações dos agentes de imigração como um "flagrante desrespeito" aos direitos dos cidadãos. O governo brasileiro também enviou um avião da FAB para buscar os deportados em Belo Horizonte.
A pressão diplomática também se fez sentir, com o Itamaraty informando que solicitará explicações ao governo de Donald Trump sobre o tratamento degradante que os passageiros enfrentaram. Carlos Vinícius de Jesus, de 29 anos, corroborou as acusações de agressão, afirmando que os agentes da imigração não hesitaram em ameaçar os deportados, dizendo que poderiam derrubar o avião.
Os problemas técnicos com a aeronave, que partiu de Alexandria, Virginia, e precisou fazer escalas imprevistas em Louisiana e Panamá, contribuíram para a tensão a bordo. Marcos Vinícius Santiago de Oliveira, de 38 anos, relatou as condições extremas sob as quais os deportados foram mantidos: "Ficamos horas sem ar condicionado e algemados. Até para ir ao banheiro era difícil. Estávamos forçados a ir com a porta aberta."
Aeliton Cândido, de 33 anos, lembrou os dois anos de detenção que passou nos EUA, reafirmando a brutalidade das agressões e o estado precário da aeronave durante a volta. "Agora é vida nova, respirar e recuperar a minha dignidade. Foi a pior coisa que já passei na minha vida. Medo de morrer."
Além disso, Luiz Fernando Caetano Costa, que estava há um ano e meio nos EUA, confirmou que viu outros deportados sendo violentamente agredidos. Mário Henrique Andrade Mateus, de 41 anos, que passou três meses detido, reforçou que os agentes se mostraram agressivos, especialmente com as crianças a bordo.
Finalmente, Lucas Gabriel Maia lamentou as condições deprimentes que enfrentaram ao longo de sua detenção, comparando a alimentação recebida com a de animais: "Até cachorro aqui no Brasil come melhor do que a gente comeu lá. Era pão, água e cereal. Ninguém merece ser tratado assim."
Até o fechamento deste artigo, a Embaixada dos EUA em Brasília não havia se manifestado oficialmente sobre as alegações. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, comentou sobre a situação, afirmando que não permitirá que aviões militares dos EUA realizem deportações em seu território, enfatizando que migrantes devem ser tratados com dignidade. "Um migrante não é um criminoso e deve ser tratado com a dignidade que um ser humano merece", declarou.