Médico Acusado de Assédio Sexual Apalpava Pacientes Durante Consultas
2024-12-22
Autor: Fernanda
O médico da família, Octávio Milton Saquicela Siquenza, de 65 anos, está sendo acusado de assediar sexualmente várias pacientes na Unidade Básica de Saúde (UBS) 5 do Gama. Além de ter sido denunciado por arrancar a blusa de uma enfermeira, o profissional também é investigado por apalpar pacientes durante consultas e facilitar encaminhamentos para aquelas que eram alvos de suas investidas amorosas.
Uma paciente relatou ao Metrópoles que, durante uma consulta, teve os seios apalpados de forma indevida enquanto o médico ouvia seus batimentos cardíacos com um estetoscópio. "Ele me elogiava o tempo todo, me chamando de linda. Quando voltei com os exames, eu o repreendi dizendo que não gostava daquilo. E então o comportamento dele mudou completamente", disse a vítima, que optou por não se identificar.
Após a consulta, a dor que a paciente sentia persistiu e, ao pedir para que uma amiga da área da saúde analisasse os exames, ficou claro que ela tinha uma infecção urinária, algo que o médico não notou. Frustrada, ela teve que buscar outro profissional, que a tratou com injeções por três dias. A paciente também tentou denunciar o médico na recepção da UBS, mas foi desencorajada pelo funcionário que a atendeu.
Outra moradora da região comentou sobre as investidas impróprias do médico: "Ele tem preferência pelas 'mais bonitas'. Para elas, é só ir até o doutor Octávio que ele dá tudo: receita, encaminhamento, o que for".
Uma gerente de serviços de atenção primária de outra UBS do Gama também denunciou o comportamento do médico, acrescentando relatos de faltas frequentes e comentários racistas e pejorativos aos pacientes. Servidores e pacientes já protocolaram queixas ao Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), que confirmou a investigação interna acerca das denúncias recebidas.
Após esse alerta, a gerente denunciou ter recebido ameaças da diretoria de atenção primária à saúde da Região Sul, que incluíram ameaças de demissão a funcionários terceirizados; ela foi exonerada de seu cargo em novembro.
Quanto ao assédio à enfermeira, que trabalhava diretamente com Octávio Milton há cinco anos, ela apresentou uma denúncia à Superintendência da Regional Sul, relatando meses de assédios e comentários de cunho sexual por parte do médico. As investidas tornaram-se físicas, incluindo um episódio em que ele arrancou a blusa dela e puxou seu braço de forma brusca.
O caso foi registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam I), que está investigando a denúncia. A enfermeira afirmou que, desde o início do ano, Octávio começou a fazer abordagens que evoluíram para importunações sexuais, como envio de presentes e cartas. Uma situação particularmente constrangedora ocorreu quando ele levantou sua blusa sem permissão enquanto ela estava deitada por causa de uma gripe forte.
Outro caso de assédio na unidade também foi reportado, onde Octávio teria tentado levar a boca aos seios de uma funcionária. Por medo de represálias, a vítima não registrou queixa oficial.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) declarou que a movimentação do médico foi feita em comum acordo com a servidora envolvida e que ele foi temporariamente transferido para outra unidade até a conclusão das investigações. No entanto, informações obtidas pelo Metrópoles indicam que ele pode ser transferido para uma unidade rural sem controle de presença.
Octávio Milton negou as acusações e afirmou ser vítima de calúnia, defendendo que possui um bom relacionamento com a enfermeira. A SES-DF enfatizou que não compactua com assédio e que o caso está sendo tratado com seriedade.
Enquanto isso, o CRM-DF também ressaltou que condena qualquer forma de violência contra mulheres e profissionais de saúde. Este caso levanta preocupações sobre a segurança e a ética no atendimento de saúde, destacando a necessidade de ambientes seguros para pacientes e profissionais.