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'Me senti humilhada', revela atriz que gravou a 'cena mais infame do cinema' em filme com Marlon Brando

2025-04-07

Autor: Maria

Após enfrentar episódios graves de saúde, incluindo anemia intensa e crise renal, a atriz Francis Hime acaba de lançar um álbum com canções inéditas, colaborando com nomes renomados como Ziraldo.

Recentemente, no Rio de Janeiro para promover seu novo filme 'G20', Viola Davis comentou sua vontade de filmar no Brasil e a influência que Nelson Rodrigues teve em sua carreira.

No centro das discussões, a infame 'cena da manteiga' de 'O Último Tango em Paris'. Essa cena polêmica, que chocou o público e gerou intensos debates sobre consentimento, não fazia parte do roteiro original do filme, e Maria Schneider, na época com apenas 19 anos, não tinha dado seu consentimento prévio para a realização dela.

A história da atriz, que lutou contra vícios e problemas de saúde mental ao longo da vida, agora é contada em uma nova produção cinematográfica intitulada 'Maria'. O longa-metragem é estrelado por Matt Dillon, que interpreta Marlon Brando, e Anamaria Vartolomei, que assume o papel de Schneider. A direção é de Jessica Palud, baseada em um livro de 2018 da jornalista Vanessa Schneider, prima de Maria.

A cena que mudaria o curso da vida de Maria Schneider

'’Maria’ explora as raízes de Maria Schneider, que foi fruto de uma relação entre o ator francês Daniel Gélin e uma modelo romena. Foi na adolescência que ela conheceu seu pai, que a apresentou ao mundo do cinema, onde faria sua estreia em um papel de destaque em 'O Último Tango em Paris'.

Numa entrevista de 2007, Schneider revelou que foi persuadida a aceitar o papel, deixando de lado uma oportunidade de atuar com Alain Delon, afirmando que na juventude, ela não compreendia o conteúdo sexual e intenso do filme. "Tive um mau pressentimento", confessou. Sua agência, porém, a pressionou para não recusar a oferta de Brando, um ícone do cinema.

Em suas palavras, Maria relembrou o dia da gravação da cena controversa: "Aquela cena não estava no roteiro original. Na verdade, foi ideia do Marlon. Fiquei realmente brava ao saber que teríamos que filmá-la... Senti-me humilhada, e, para ser honesta, um pouco violada, tanto por ele quanto pelo Bertolucci. Não houve consolo ou desculpas após a cena. Brando apenas disse: 'Maria, não se preocupe, é apenas um filme', mas enquanto filmávamos, eu chorava lágrimas verdadeiras."

Felizmente, só houve uma tomada da cena. Bertolucci, em uma declaração futura, disse que queria capturar a reação de Schneider como uma garota, e não como uma atriz, buscando que ela reagisse com verdadeira humilhação. Anamaria Vartolomei, que interpreta Maria no novo filme, falou sobre a dificuldade de recriar essa cena intensa, enfatizando a falta de apoio que Schneider enfrentou na época, diferente do suporte que ela recebeu nas gravações do novo filme.

Como a fama pode ser uma prisão

Infelizmente, após o lançamento de 'O Último Tango em Paris' em outubro de 1972, Maria não só enfrentou o estigma de ser a mulher considerada promíscua no filme, mas também a pressão de uma fama avassaladora que a isolou. O filme arrecadou cifras impressionantes em bilheteiras, gerando controvérsias em várias partes do mundo, enquanto o público fazia filas enormes para assisti-lo.

Brando e Bertolucci colheram louros e prêmios, sendo ambos indicados ao Oscar, enquanto Schneider foi deixada em uma situação vulnerável, recebendo apenas uma fração do que seus colegas ganharam. A jovem atriz tornou-se um símbolo sexual, uma imagem que a perseguiria e a atormentaria, levando-a a comportamentos autodestrutivos, como o uso de drogas, em sua tentativa de lidar com a nova realidade.

Sua prima, Vanessa, destacou que Maria foi muito afetada pela hipocrisia da sociedade da época, sendo vista como uma mulher de moral questionável, quando na verdade, ela se sentia diferente disso: "Ela era uma pessoa reservada e modesta. A pressão foi brutal".

Desafios e superações

Maria Schneider enfrentou muitos desafios ao longo de sua vida pessoal e profissional. Após 'O Último Tango', ela tentou se afastar do rótulo que lhe impuseram, mas as consequências foram devastadoras. Schneider revelou em uma entrevista que, durante um período turbulento, até tentou tirar a própria vida. A vida de Elaine após o filme refletiu as lutas de muitas atrizes da época, que, assim como ela, foram exploradas e mal compreendidas pela indústria cinematográfica dominada por homens.

Anos depois de sua fama meteórica, Maria ainda lutou contra os demônios internos que a acompanhavam, mesmo fazendo parte de vários outros projetos interessantes ao longo de sua carreira. Infelizmente, ela faleceu em 2011 vítima de câncer.

O legado de Maria Schneider está longe de ser esquecido, e a necessidade de se reavaliar o passado da indústria cinematográfica se torna cada vez mais urgente. Através de novas produções, como 'Maria', o objetivo é não apenas recontar sua história, mas também iluminar as injustiças enfrentadas por muitas mulheres, para que movimentos de proteção e empoderamento ajudem a garantir que tais abusos nunca mais aconteçam. Vartolomei acrescenta que a luta de Maria está longe de ser em vão, pois finalmente sua voz pode ser ouvida e reconhecida.