Matemática: O alarmante aumento da ansiedade entre alunos no Brasil e no mundo
2024-11-13
Autor: Julia
Análise da Pesquisa da OCDE
A recente pesquisa da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revelou uma epidemia de ansiedade relacionada à matemática, que afeta significativamente alunos em diversas partes do mundo, especialmente no Brasil.
O estudo, parte do PISA (Programa para a Avaliação Internacional de Estudantes), mostrou que 79,5% dos estudantes brasileiros sentem uma forte ansiedade em relação às suas notas em matemática, um percentual alarmante quando comparado a média de 65% dos países participantes. Além disso, 62,3% dos alunos no Brasil relataram sentimentos de nervosismo e desamparo ao resolver problemas matemáticos.
Impactos no Desempenho Escolar
Realizada a cada três anos com a participação de aproximadamente 700 mil alunos de 15 e 16 anos, a análise realizada em 2022 trouxe à tona dados preocupantes sobre o impacto da ansiedade no desempenho escolar, especialmente em um contexto pós-pandemia. O PISA 2022 foca na relação dos alunos com suas estratégias de aprendizado e o modo como encaram desafios acadêmicos.
Tendência Global e Autoeficácia
Curiosamente, na maioria dos 81 países avaliados, houve um aumento significativo nos índices de ansiedade em comparação com 2012, sendo a Coreia do Sul, Singapura e Tailândia as exceções, onde esses índices diminuíram. De acordo com a OCDE, o aumento da ansiedade pode prejudicar não apenas o desempenho acadêmico imediato, mas também a disposição dos alunos para aprender ao longo da vida, necessitando urgentemente de políticas públicas que abordem a saúde mental dos estudantes.
Um dos pontos críticos destacados é o conceito de autoeficácia, que reflete a crença dos alunos em suas próprias habilidades. O relatório observou que países com baixa autoeficácia tendem a registrar altos níveis de ansiedade. Isso se aplica a países como Brasil e Argentina, onde a falta de confiança estimula a inibição dos alunos em fazer perguntas e buscar ajuda quando enfrentam dificuldades.
Desempenho do Brasil em Matemática
No Brasil, o cenário do ensino de matemática é ainda mais preocupante. Em 2022, a média de pontos dos estudantes brasileiros foi de apenas 379, ficando muito abaixo da média de 472 pontos da OCDE. Notavelmente, 73% dos alunos brasileiros não conseguiram alcançar o nível básico de conhecimento em matemática, o que é considerado inaceitável por especialistas.
Metodologia de Ensino e Formação de Professores
Cláudia Costin, especialista em educação, enfatiza que o problema vai além da ansiedade; há uma falha crítica na metodologia de ensino de matemática. "As aulas são muito focadas em fórmulas e resolução de exercícios, sem ensinar os alunos a pensar matematicamente", afirma Costin. Ela defende a necessidade urgente de uma formação de professores que integre teoria e prática, preparando-os para ensinar de forma efetiva e engajadora.
Além disso, a quantidade insuficiente de horas de aula, que no ensino fundamental brasileiro é de apenas quatro horas, em comparação com sete a nove horas em países com bons sistemas educacionais, foi apontada como um agravante.
Exemplos de Sucesso no Exterior
Importantes países como Coreia do Sul e Singapura, que superaram desafios semelhantes, implementaram sistemas educacionais que priorizam a qualidade do ensino e estabelecem um relacionamento positivo entre professores e alunos. Políticas de financiamento que alinham recursos e necessidades estão na raiz do sucesso desses sistemas.
Conclusão e Necessidade de Reforma
Diante desses desafios, fica claro que a educação matemática no Brasil precisa de uma reforma abrangente, que não só melhore o ensino e a aprendizagem, mas que também cuide da saúde mental dos alunos para que possam se desenvolver plenamente, não apenas academicamente, mas também como indivíduos confiantes e capacitados para o futuro.