Marine Le Pen, a notável líder da direita radical na França e candidatura presidencial de destaque, foi condenada nesta segunda-feira (31/03) por desvio de fundos europeus destinados a financiar seu partido, o Reunião Nacional (RN). A decisão judicial a deixa inelegível por um período de cinco anos, o que a impede de concorrer nas eleições presidenciais de 2027.

Além da inelegibilidade, Le Pen também recebeu uma sentença de quatro anos de prisão, sendo dois anos destes cumpridos com uma tornozeleira eletrônica. A multa imposta foi de 100 mil euros (aproximadamente R$ 623 mil). Apesar da condenação, existe a expectativa de que sua defesa recorra da decisão, o que pode adiar a aplicação da pena.

Em uma declaração à emissora francesa F1, Le Pen considerou a condenação como uma "decisão política" com a intenção de barrar sua candidatura em 2027. Esta é uma afirmação recorrente nas alegações dela de que as instituições estariam sendo utilizadas para minar sua imagem política.

Le Pen, que já disputou a presidência da França por três vezes e perdeu para o atual presidente Emmanuel Macron nas últimas duas eleições, era vista como uma forte candidata para a eleição presidencial de 2027, segundo diversas pesquisas de opinião.

A líder radical e mais de 20 dirigentes do seu partido foram acusados de contratar assistentes que atuavam realmente para o RN, enquanto deveriam estar alocados em funções oficiais no Parlamento Europeu. A juíza Benedicte de Perthuis destacou que as investigações revelaram a utilização indevida de dinheiro em um sistema que deveria ter como objetivo a redução de custos do partido.

A condenação e a subsequente inelegibilidade não eram totalmente inesperadas, mas muitos analistas e políticos expressaram surpresa com a severidade da pena. Le Pen esperava uma condenação, mas não acreditava que isso resultaria em sua incapacidade de concorrer às eleições. Ela mesma chegou a afirmar em recente entrevista que o juiz não teria coragem de bloquear sua candidatura.

Dentre os críticos que se manifestaram contra a condenação, estão figuras políticas rivais, como o líder da extrema esquerda Jean-Luc Mélenchon e o primeiro-ministro François Bayrou, que consideram que a inelegibilidade imediata seria injusta e prejudicial à democracia. Jordan Bardella, presidente do RN, também escreveu que a condenação não afetou apenas Marine Le Pen, mas sim a própria democracia francesa.

Contudo, o futuro político de Marine Le Pen agora se encontra em um cenário incerto, colocando em questão sua estratégia e a possibilidade de uma nova candidatura. Enquanto isso, as atenções do eleitorado e da mídia se voltam não apenas para seu destino, mas também para o impacto que isso terá sobre o panorama político da França.