Recentemente, o empresário Tallis Gomes gerou polêmica com suas declarações controversas sobre mulheres em cargos de liderança. Em resposta a uma pergunta nas redes sociais sobre se estaria disposto a se relacionar com uma mulher CEO, Gomes declarou: "Deus me livre de mulher CEO", argumentando que as líderes femininas passam por um processo de masculinização e que a ascensão feminina no mercado de trabalho estava causando desestabilização na sociedade.

Essas observações despertaram uma onda de críticas de diversas mulheres influentes no ambiente corporativo, e o g1 decidiu investigar a perspectiva dos maridos dessas CEOs. Conversamos com casais em que as esposas ocupam altos cargos para entender como equilibram suas vidas profissionais e familiares, e também para ouvir o que eles pensam sobre as afirmações de Gomes.

Mari Achutti, que atualmente lidera uma escola de educação corporativa e possui um histórico em empresas renomadas como Google e Facebook, é casada com Vinicius Facco, diretor de uma agência de publicidade. Ele destacou a flexibilidade em suas rotinas, facilitando a criação de seu filho de três anos. "Tem momentos em que a Mari, como CEO, está mais ocupada e eu nem tanto, mas estamos alinhados. Não há competição, apenas parceria na responsabilidade doméstica", afirma Vinicius.

Mari complementa dizendo que a presença dela no mercado não só a realiza como profissional, mas também fornece um exemplo positivo para seu filho: "Ele vê que a mamãe é feliz trabalhando. O mundo dos negócios precisa da energia feminina."

Bruno Serapiao, CEO de uma empresa de bioenergia, também expressou indignação em relação ao discurso de Gomes. É casado com Maêra Habimorad, uma diretora educacional e membro de um conselho bancário. Bruno enfatizou que tais comentários são desatualizados e que a admiração mútua entre ele e Maêra é essencial para o relacionamento e para o sucesso de suas carreiras. "Quem cozinha em casa sou eu. Maêra não gosta tanto de cozinhar, então eu aproveito esse momento para me conectar com nossos cinco filhos", conta ele, revelando a divisão das responsabilidades domésticas.

Os maridos também defendem a presença das mulheres em posições de liderança, citando uma pesquisa da Harvard Business Review que revela que as empresas com mulheres em cargos de liderança não apenas obtêm melhores resultados financeiros, mas também criam ambientes de trabalho mais colaborativos e inovadores.

Dhafyni Mendes, cofundadora do Todas Group, reforça a importância da presença feminina em posições de domínio, observando que, em última análise, não se trata de saber quem é superior, mas de como homens e mulheres podem trabalhar juntos para alcançar melhores resultados.

A discussão começou quando Gomes, ao ser perguntado se aceitaria um relacionamento com uma mulher CEO, fez seus comentários desdenhosos nas redes sociais, o que gerou reações de diversas executivas, incluindo Luiza Trajano, que destacou que ser mulher em uma posição de liderança nunca foi um empecilho na vida delas. Após enfrentar extensa backlash, Gomes pediu desculpas publicamente e renunciou à presidência executiva de sua empresa, embora continue sendo sócio.

Essa controvérsia serve como um chamado à ação para a promoção de um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo, onde homens e mulheres podem prosperar juntos.