Mundo

Maria Corina Machado: “Maduro está exposto diante do mundo”

2024-09-30

Maria Corina Machado e suas declarações sobre a Venezuela

Maria Corina Machado, uma das principais líderes da oposição venezuelana, concedeu uma entrevista exclusiva à BBC, na qual expressou confiança nas vitórias recentes de seu movimento e criticou duramente o regime de Nicolás Maduro. Segundo Machado, a oposição transformou a Venezuela em uma causa global desde as polêmicas eleições presidenciais de 28 de julho, onde, de acordo com seus aliados, Edmundo González Urrutia teria vencido, mesmo que os resultados oficiais tenham anunciado a reeleição de Maduro.

“Transformamos a Venezuela em uma causa mundial”, disse a opositora. Ela destacou que, apesar de Maduro ter garantido a vitória nas urnas, ele não conseguiu convencer governantes de países próximos, como Brasil e Colômbia, a reconhecerem sua legitimidade. As autoridades internacionais continuam exigindo respostas e documentos que comprovem as alegações de vitória do governo.

A situação política pós-eleitoral

Desde as eleições, a situação política na Venezuela se agravou. O candidato opositor, Edmundo González, foi forçado ao exílio na Espanha, enquanto Machado vive na clandestinidade para evitar a prisão. Apenas nas últimas semanas, cerca de dois mil opositores foram detidos.

Maduro isolado e apelo por apoio internacional

Em meio a este cenário crítico, Machado declarou que Maduro está cada vez mais isolado, não só politicamente, mas também em termos de apoio popular. Ela ressaltou que “Maduro está exposto diante de todos, inclusive de seus próprios apoiadores.” Em relação à reação da comunidade internacional, fez um apelo urgente por mais apoio e pressão sobre o regime atual visando uma transição democrática.

Machado também enfatizou que a oposição venezuelana obteve acesso a 83% das atas de votação, as quais demonstram a real vitória da oposição. Em uma análise mais aprofundada, ela mencionou que "se as eleições fossem justas, teríamos conquistado uma vitória de 90-10%.” Os líderes do regime, segundo ela, têm buscado cercar-se de altos comandos militares, mas essa tática tem gerado resistência crescente entre a população.

Protestos e resistência crescente

Além disso, a investidora do regime na repressão não tem impedido as novas formas de protesto que surgem na sociedade. Com a diáspora venezuelana crescendo, a luta pelo reconhecimento internacional de Edmundo González como presidente legítimo se torna ainda mais intensa. Recentemente, o Parlamento Europeu e vários países reconheceram González como presidente, aumentando a pressão sobre Maduro.

O risco da luta pela liberdade

Nessa luta, a líder da oposição revelou estar disposta a arriscar sua liberdade. “Eu já enfrentei essa decisão várias vezes e ainda estou aqui na Venezuela,” afirmou. A crescente insatisfação da população e as tensões internas no governo de Maduro são ingredientes que sinalizam um potencial ponto de virada na crise.

Emigração e busca por apoio internacional

Os pesquisadores têm observado que a pressão do governo tem levado a um aumento significativo na emigração. Machado apontou que muitos venezuelanos estão cruzando fronteiras diariamente, buscando escapar da grave crise que o país enfrenta. “Só no Brasil, o número de pessoas fugindo pode ultrapassar mil por dia,” alertou.

Responsabilização por crimes contra a humanidade

A busca por apoio internacional para responsabilizar aqueles que cometem crimes contra a humanidade na Venezuela é vista como uma necessidade urgente, segundo Machado. Ela apontou que o momento atual é crucial para garantir que a vontade do povo venezuelano seja respeitada.

Apelo final e expectativas para o futuro

Com um apelo à comunidade internacional por ações mais concretas e rápidas, Machado finalizou: “Nunca antes Maduro teve tantos incentivos, como agora, para se sentar e negociar.” A luta pela democracia na Venezuela continua, e a expectativa é que a pressão interna e a conscientização global culminem em mudanças significativas nos próximos dias.