
Lula e Trump: aliados contra um inimigo comum, mas com nomes diferentes
2025-04-05
Autor: Matheus
Lula e Trump podem ser líderes de correntes opostas em um cenário político polarizado, mas um estudo intrigante aponta que ambos compartilham um inimigo em comum: as elites que dominam a política tradicional. Essa afirmação vem do professor Benjamin Teitelbaum, especializado em direita radical e autor de 'Guerra pela Eternidade', que analisa ideologias que moldaram figuras como Steve Bannon, ex-conselheiro de Trump, e o russo Alexandr Dugin.
Em uma entrevista exclusiva, Teitelbaum comentou que apesar de seus discursos divergentes, tanto Lula quanto Trump criticam o que chamam de "establishment político ocidental", apenas utilizando terminologias diferentes. "Trump se refere a um 'globalismo' maligno, enquanto Lula denuncia o 'imperialismo ocidental'. No fundo, estão ambos atacando a mesma estrutura de poder", observa o professor.
O chamado 'globalismo' por Trump é visto como uma ideologia que busca a maior integração entre os países, o que, segundo ele, resulta na perda da soberania nacional dos EUA. Para Lula, em contrapartida, a solução é um mundo multipolar onde os países do Sul Global tenham mais autonomia e voz.
A análise de Teitelbaum ofertou novos insights sobre a postura de ambos os líderes em relação à Rússia e o conflito na Ucrânia. Ele destacou como tanto Trump quanto Lula têm se mostrado propensos a aceitar narrativas que eximem Putin de culpa, apresentando-o como uma vítima. "Lula usa essa retórica para fortalecer seu papel de liderança no Sul Global, enquanto Trump procura agradar a uma base que ressoa com essa visão", declarou.
Ademais, Teitelbaum prevê que a ascensão da direita radical, que se intensificou globalmente nos últimos anos, não é efêmera. Ele argumenta que o desmoronamento da centro-direita e o crescimento do populismo de direita estão intrinsecamente ligados, anunciando que este fenômeno veio para ficar, em grande parte devido a uma crescente insatisfação com as instituições tradicionais e a busca por alternativas que desafiem a ordem existente.
Por fim, o pesquisador adverte que embora a direita radical pareça poderosa, a continua fragilidade da centro-direita pode ser seu verdadeiro alicerce eleitoral. "Estamos em um momento crucial. Se a centro-direita continuar a desintegrar-se, a direita populista terá campo livre para estabelecer um novo paradigma político", concluiu. Essa interação de narrativas entre figuras influentes como Lula e Trump pode moldar o futuro das políticas tanto no Brasil quanto nos EUA, e a análise de Teitelbaum lança luz sobre as complexas dinâmicas que estão em jogo.