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Líder sírio Ahmed al-Sharaa: 'Não somos uma ameaça ao mundo e defendemos a educação para mulheres'

2024-12-19

Autor: Ana

O líder sírio Ahmed al-Sharaa, em entrevista exclusiva à BBC, declarou que a Síria está exausta após anos de guerra e não representa uma ameaça para os países vizinhos ou para o Ocidente. Durante a conversa, realizada em Damasco, ele enfatizou a necessidade de suspender as sanções econômicas impostas ao país, afirmando: "As sanções foram direcionadas ao antigo regime. A vítima e o opressor não devem ser tratados da mesma forma".

Al-Sharaa, que lidera o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o grupo rebelde dominante na região, pediu que sua organização não fosse mais caracterizada como uma entidade terrorista. O HTS, anteriormente conhecido por sua ligação com a Al-Qaeda, desvinculou-se do grupo em 2016. Ele argumenta que a organização não visava civis e se considera uma vítima dos crimes cometidos pelo regime de Bashar al-Assad.

O líder rebelde também procurou afastar comparações entre a Síria e o Afeganistão, afirmando que ambos os países têm tradições e sociedades muito diferentes. "O Afeganistão é uma sociedade tribal, enquanto a Síria possui uma mentalidade distinta", declarou, enfatizando que o extremismo não é o caminho que pretende seguir.

A educação para mulheres é um dos pontos que al-Sharaa defende com fervor. Ele mencionou que as universidades em Idlib têm tido alta participação feminina, estimando que mais de 60% dos alunos são mulheres, desafiando as expectativas muitas vezes negativas sobre a situação das mulheres em regiões controladas por grupos rebeldes.

Quando questionado sobre questões como o consumo de álcool, al-Sharaa reconheceu que muitos assuntos são complexos e exigem um comitê legal sério para a elaboração de uma nova constituição, indicando que quer um governo baseado na lei.

A entrevista revelou um al-Sharaa confiante e tranquilo, vestido com roupas civis, tentando desmistificar a imagem de seu grupo e mostrar um compromisso com o futuro da Síria. No entanto, a confiança em suas afirmações ainda é incerta para muitos sírios que vivem nas consequências do conflito.

Surpreendentemente, a comunidade internacional ainda observa com ceticismo as declarações de al-Sharaa, especialmente considerando a profunda e sanguinária história do HTS e a complexidade da situação na Síria. O futuro do país ainda é uma incógnita, mas as vozes como a de al-Sharaa podem apontar para uma nova direção.