Saúde

Justiça condena Estado a indenização de R$ 100 mil após morte trágica de idoso devido a falsa médica em hospital público

2025-01-15

Autor: Mariana

Euzébio Correia da Silva, de 86 anos, faleceu no Hospital Regional de Guaraí, no Tocantins, em uma situação angustiante que gerou revolta e luto em sua família. Recentemente, a Justiça determinou que o Estado do Tocantins deve pagar R$ 100 mil de indenização aos filhos de Euzébio após a triste descoberta de que ele foi intubado por uma mulher que se fez passar por médica, mas que não tinha formação nem credenciais para atuar na área.

O trágico episódio ocorreu em maio de 2021, quando Euzébio foi internado com sintomas de Covid-19. Durante a sua estadia, ele foi atendido por uma falsa médica identificada como Ludmylla Ferreira Alves. Essa mulher apresentou um diploma forjado de uma suposta graduação em Medicina no estado de Goiás antes de ser desmascarada pela direção do hospital.

O juiz Océlio Nobre da Silva, da 1ª Vara Cível de Palmas, decidiu que a morte prematura de Euzébio e o sofrimento de seus filhos deveriam ser reparados, embora nenhum valor possa trazer de volta um ente querido. A família ficou abalada pela situação e relatou que a falsa médica criou uma série de confusões e desinformações durante o tratamento de Euzébio.

De acordo com Luzia Brito da Silva, uma das filhas de Euzébio, a presença da falsa médica durante a internação suscitou desconfiança. Luzia relatou que, ao receber notícias do estado do pai, foi surpreendida ao ficar sabendo que a médica não parecia se adaptar e tremia enquanto tentava preencher a certidão de óbito, o que a fez perceber algo estava errado. "Desconfiei desde o início, mas não sabia que ela não era uma médica de verdade. Isso só veio à tona quando vi a notícia sobre a fraude", contou Luzia.

A situação não apenas afetou a família de Euzébio, mas também levantou questões cruciais sobre a segurança e a supervisão dentro dos hospitais públicos no Brasil. Além disso, outras denúncias surgiram relacionadas à atuação da falsa médica, levando a Secretaria de Estado da Saúde (SES) a investigar o caso. Nela, foi revelado que Ludmylla realizou atendimentos em vários pacientes, expondo-os a riscos desnecessários.

O lamentável desfecho evidenciou a necessidade de um sistema de saúde mais rigoroso e de verificações mais sérias antes da contratação de profissionais da saúde. O Estado foi responsabilizado pela contratação irresponsável, e os filhos de Euzébio esperam que a decisão judicial traga um pouco de alívio em meio a tanta dor.

"Queremos que casos assim não se repitam, que outras famílias não passem pelo que nós passamos", reafirmou Luzia, que acredita que, apesar da indenização, a verdadeira justiça seria ter seu pai de volta.

O caso ainda segue em investigação e a sociedade aguarda ações concretas que impeçam a reincidência de práticas tão gravemente negligentes dentro do sistema de saúde do Brasil.