Na última quinta-feira (16.jan.2025), o jornalista independente norte-americano Sam Husseini foi retirado à força da sala de imprensa onde o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, concedia uma coletiva sobre a situação do cessar-fogo na Faixa de Gaza. O incidente gerou grande repercussão nas redes sociais, especialmente no X (ex-Twitter), onde imagens da cena foram amplamente compartilhadas.

As filmagens mostram Husseini sentado enquanto três seguranças se aproximam dele. A tensão começou quando o jornalista interrompeu Blinken durante suas declarações iniciais, atraindo a atenção de uma assessora do governo, que pediu que ele respeitasse o procedimento da coletiva. O momento decisivo se deu quando Blinken, aparentemente incomodado, fez um apelo ao jornalista para que mantivesse o respeito pelo processo da entrevista.

Desafiando essa solicitação, Husseini respondeu de forma contundente ao ser forçado a deixar a sala: "Respeite o processo? Todo mundo, da Anistia Internacional à Corte Internacional de Justiça, diz que Israel está cometendo genocídio e extermínio, e você está me dizendo para respeitar o processo? Criminoso! Por que vocês não estão em Haia?" Com esse desabafo, Husseini deixou clara sua indignação sobre a situação em Gaza e o papel dos EUA no conflito.

Durante sua expulsão, o jornalista palestino também gritou para um dos seguranças: "Tire suas mãos de mim!". Após o ocorrido, Husseini fez uma publicação em sua conta no X, lamentando o incidente e expressando sua frustração: "Fui seriamente maltratado e já estou em casa. Obrigado a todos pelo apoio. Minha intenção era fazer perguntas difíceis durante a coletiva, que claramente foi interrompida pelo governo".

Não foi apenas Husseini que foi expulso da coletiva. O jornalista Max Blumenthal, conhecido por suas críticas contundentes à política externa dos EUA, também teve um momento tenso. Logo no início das declarações, ele questionou Blinken diretamente: "Por que você permitiu que meus amigos fossem massacrados? Por que você permitiu que as casas dos meus amigos em Gaza fossem destruídas quando fizemos um acordo em maio? Você acabou de ajudar a destruir nossa religião, o judaísmo, ao associá-la ao fascismo. Por que você permitiu que o Holocausto do nosso tempo acontecesse?". Sua fala também foi interrompida por uma mulher que se aproximou para retirá-lo da sala, mas Blumenthal saiu pacificamente.

Esse episódio levanta questões cruciais sobre a liberdade de imprensa e o papel do governo em silenciar vozes dissidentes, especialmente em momentos de crise. Enquanto o conflito na Faixa de Gaza continua a ser um tema polarizador, a tensão entre os jornalistas e as autoridades se intensifica, revelando a complexidade da cobertura de questões tão delicadas.