Saúde

Intoxicação por Mercúrio em Indígenas: Um Problema Silencioso e Seus Efeitos Alarmantes

2025-09-07

Autor: Maria

A Realidade Rebelde da Contaminação por Mercúrio

Uma pesquisa alarmante realizada em 2021 revelou que a etnia Munduruku, localizada no Pará, apresenta uma concentração média de mercúrio de 7,7 µg/g em seus cabelos, valores que ultrapassam os limites considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O limite seguro estabelecido em 2010 pela OMS é de 0,23 µg/kg, correspondendo a uma média de 2,0 µg/g.

Um Problema Silencioso na Amazônia

Desde a década de 1970, a exploração do garimpo na Amazônia tem causado grave contaminação por mercúrio, impactando diretamente comunidades tradicionais, ribeirinhas e quilombolas. A intoxicação ocorre principalmente através da ingestão de peixes contaminados, que absorvem metilmercúrio, uma forma tóxica do metal.

Esse metal tóxico entra nos peixes devido à ação de microrganismos que transformam o mercúrio inorgânico, utilizado em garimpos, em metilmercúrio. Quando os humanos consomem esses peixes, contaminam-se gradualmente.

Sintomas e Desafios Diagnósticos

Os efeitos da intoxicação por mercúrio são subestimados. Entre os adultos, podem surgir sintomas como tremores, dores de cabeça, insônia e problemas de coordenação motora, que muitas vezes são confundidos com outras condições. A complexidade do diagnóstico aumenta, pois a reação à toxicidade varia de pessoa para pessoa, influenciada por fatores genéticos e de idade.

Sem Cura: A Luta Contínua

Atualmente, não existe medicamento que elimine o mercúrio do corpo humano; o tratamento é sintomático, focado na gestão das complicações. Especialistas, como o infectologista Manuel Mindlin Lafer, alertam que a intoxicação é particularmente prejudicial a crianças e fetos, podendo acarretar problemas neurológicos e comprometimento do sistema imunológico.

Mudanças Necessárias na Dieta Indígena

Apesar da dificuldade em eliminar o consumo de peixes na dieta indígena, propondo-se substituições é possível mitigar a exposição ao mercúrio. O manual de diretrizes sugere priorizar peixes herbívoros, que possuem menor concentração de metais pesados, como pacu e tambaqui, em vez de peixes carnívoros que acumulam toxinas.

Desafios no Atendimento Médico

O acesso a cuidados médicos é um desafio, especialmente com a distância das comunidades amazônicas em relação a centros de saúde. A confiança das comunidades é vital para que os profissionais de saúde sejam devidamente integrados e possam oferecer um atendimento eficiente, conforme o conhecimento local.

Desenvolvendo um Guia para a Saúde Indígena

Pesquisadores da Fiocruz estão elaborando diretrizes para ajudar médicos, enfermeiros e agentes de saúde a atender as populações indígenas de forma apropriada. Essas formações são essenciais, especialmente em regiões mais acometidas pela contaminação, como o Amapá e o Norte do Pará.

A produção de materiais informativos e treinamentos adequados pode ser um passo decisivo para melhorar a saúde das populações vulneráveis e garantir que tais medidas de prevenção e diagnóstico sejam sempre priorizadas.