Ciência

Incêndios nos EUA Revelam a Amença do Clima Global - Estamos Realmente Preparados?

2025-01-17

Autor: Mariana

Um desastre em potencial está mais perto do que você imagina! Incêndios devastadores na Califórnia, Estados Unidos, são um alerta sobre as mudanças climáticas que afetam o planeta. Segundo uma análise do Washington Post, um incêndio anterior, ocorrido na véspera do Ano-Novo, pode ter reacendido as chamas recentes, mesmo depois que os bombeiros lutaram incansavelmente para controlar a situação. Os autoridades indicam que podem levar semanas ou até meses para descobrir a verdadeira origem do incêndio.

A intensidade dos incêndios pode ser resultado de um fenômeno conhecido como "chicotada climática", que se refere a oscilações bruscas no clima. Um estudo publicado na Nature Reviews Earth & Environment aponta que, nos últimos dois anos, os invernos na Califórnia foram extremamente chuvosos, promovendo o crescimento excessivo de vegetação inflamável na região. Com a chegada da primavera, as altas temperaturas transformaram a área de Los Angeles em um terreno seco e propenso a incêndios. O bioma nativo, o chaparral californiano, é notoriamente inflamável, tornando a situação ainda mais crítica.

Esse padrão de "chicotadas" aumentou o risco de incêndios em dobro: primeiro, pela explosão no crescimento da vegetação nos meses que precederam a temporada de incêndios, e segundo, pelo ressecamento extremo dessa vegetação. Quando ventos fortes se somam a essas condições de vegetação seca, as chances de incêndios florestais devastadores se tornam alarmantemente altas. Daniel Swain, cientista climático da UCLA, adverte que a combinação desses fatores cria uma receita perfeita para o desastre.

O aquecimento global, por sua vez, contribui para a maior frequência dessas "chicotadas climáticas". Pesquisadores descobriram que o fenômeno se intensificou significativamente, com um aumento de 31% a 66% nas oscilações climáticas, e a previsão é que essas oscilações se reproduzam em níveis alarmantes nos próximos anos, especialmente se a temperatura média global aumentar em 3°C comparado aos níveis pré-industriais.

Mas não pense que isso afeta apenas os EUA! Esses fenômenos climáticos extremos estão surgindo em várias partes do mundo. No estudo sobre as "chicotadas climáticas", cientistas observaram fenômenos similares na África Oriental em 2023, onde chuvas torrenciais precederam períodos prolongados de seca.

As alterações na temperatura não apenas afetam o clima, mas também interferem em diversas dinâmicas atmosféricas. Um aspecto notável da propagação dos incêndios na Califórnia foram os ventos de Santa Ana. Cientistas alertam que as mudanças climáticas podem alterar os padrões desses ventos, aumentando ainda mais os riscos de incêndios. A velocidade do vento em Los Angeles já atingiu níveis alarmantes, um dos recordes históricos conforme ressalta o climatologista Carlos Nobre.

Curiosamente, nem os mais ricos estão a salvo! Historicamente, populações vulneráveis enfrentam os impactos mais severos de eventos climáticos extremos, como evidenciado pelas tragédias em locais como Petrópolis, no Brasil, em 2022. Um relatório do Banco Mundial antecipou que eventos climáticos podem empurrar até 3 milhões de brasileiros para a pobreza extrema até 2030. Mas a adaptação a esse novo cenário afetará a todos, independente de sua classe social. Os incêndios em Los Angeles, por exemplo, afetaram tanto os ricos quanto os pobres. O mesmo aconteceu durante as queimadas na Amazônia e em São Paulo, que provocaram problemas de saúde que não fizeram distinções de classe.

A COP 30 que acontecerá no Brasil é um ponto crítico para a mudança desse cenário. Especialistas concordam que as últimas edições da Conferência das Partes da ONU falharam em promover diálogos significativos para contener as mudanças climáticas e preparar as sociedades para o novo mundo que se aproxima. Espera-se que o evento, em Belém, traga não apenas metas urgentes, mas também propostas de financiamento climático e educação ambiental mais robustas.

À medida que nos aproximamos de novembro, se a temperatura continuar a subir, os países terão que concordar em urgentemente reduzir as emissões de carbono. Porém, ainda assim, a temperatura estará alta! Em 2024, testemunharemos diversos recordes sendo batidos, um cenário em que as populações, especialmente nos países mais pobres, estão mal preparadas. A COP 30 deve estimular um discurso que prepare as populações globalmente, indo além de conversas sobre dinheiro, incluindo a necessidade de mudança cultural e comportamental. A hora de agir é agora!