Saúde

Idosos com dor articular e sintomas depressivos: O que a ciência revela sobre a perda de memória acelerada!

2024-11-16

Autor: Matheus

Pesquisadores do Estudo Longitudinal de Envelhecimento da Inglaterra (English Longitudinal Study of Ageing), parte do consórcio internacional InterCoLAgeing, descobriram uma relação alarmante entre dor articular crônica, sintomas depressivos e a velocidade de perda de memória entre os idosos. Coordenado por Tiago da Silva Alexandre da UFSCar, o estudo envolveu um acompanhamento de 12 anos com dados de uma amostra representativa da população britânica.

Os resultados são surpreendentes: idosos que apresentaram tanto dor crônica quanto sintomas de depressão mostraram um declínio da memória e da cognição global mais acelerado do que aqueles que não sofriam de nenhuma dessas condições. Por outro lado, aqueles que lidavam apenas com um dos problemas não experimentaram uma queda tão rápida na memória e no funcionamento cognitivo.

"Esperávamos um declínio cognitivo acentuado em quem vivia com dor e depressão, mas os dados mostraram que a combinação dessas condições é a verdadeira vilã da saúde mental dos idosos”, afirma Alexandre. Essa combinação parece afetar intensamente as áreas cerebrais associadas tanto à dor quanto aos sentimentos, impactando diretamente na memória.

Os pesquisadores identificaram seis domínios cognitivos principais, incluindo a memória, a função executiva e a atenção. Apesar da evidência de declínio na cognição global, curiosamente, a função executiva permaneceu intacta, um fator crucial para a autonomia dos idosos, como viver sozinhos. Tofani, um dos autores do estudo, descreve que a preservação da função executiva pode ser uma luz no fim do túnel para o cuidado dos mais velhos.

É importante notar que tanto os sintomas depressivos como as dores articulares apresentam alta prevalência entre os idosos. Os sintomas de depressão, tais como tristeza persistente e falta de energia, muitas vezes são subdiagnosticados. A dor articular, frequentemente relacionada à osteoartrite, afeta significativamente a qualidade de vida da população idosa.

Esses achados ressaltam a necessidade urgente de atenção especial e adequada para os sintomas depressivos e as dores articulares na atenção primária à saúde. Como alerta Alexandre: "Muitas vezes, sintomas como dor e depressão são erroneamente vistos como parte normal do envelhecimento. Essa crença pode levar a um manejo inadequado, onde condições que podem ser tratadas não recebem a devida atenção. No nosso estudo, fica claro que a falta de atenção pode resultar em danos não apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental e cognitiva dos idosos."

Estudos adicionais precisam ser realizados para encontrar intervenções eficazes, mas já é evidente que cuidar da mente e do corpo é essencial para garantir que os idosos não só vivam mais, mas que também tragam qualidade a esses anos. Portanto, a chave para um envelhecimento saudável pode muito bem estar em reconhecer e tratar esses sintomas com a seriedade que merecem!