Ibovespa sofre queda consecutiva, com destaque para a alta da Vale e Petrobras
2024-09-23
Autor: Fernanda
A nova semana começou de forma preocupante para os investidores, com o Ibovespa apresentando sua quinta queda consecutiva. O índice fechou a segunda-feira com uma desvalorização de 0,38%, atingindo os 130.568,37 pontos, uma perda total de 497,07 pontos. Este fechamento representa o menor patamar desde 8 de agosto, quando o índice marcou 128.660,88 pontos.
A questão do dólar também se tornou um fator de tensão, que terminou o dia em alta de 0,25%, cotado a R$ 5,53, após interromper uma sequência de sete sessões em queda. Os juros futuros igualmente demonstraram tendência de alta em toda a curva.
Segundo Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais, a situação fiscal do país é uma das causas principais da volatividade no mercado. “O governo projetou um déficit de R$ 28,4 bilhões no último relatório, apesar das promessas de melhora na arrecadação em 2024. Isso significa que é necessário um bloqueio adicional de R$ 2,1 bilhões para manter o controle dos gastos deste ano”, explicou.
O pessimismo em relação à gestão fiscal impactou diretamente a confiança do investidor. Matheus Spiess, da Empiricus Research, comentou sobre a falta de responsabilidade que se reflete no mercado: “O contingenciamento excessivo das verbas anunciadas foi decepcionante. Esperamos mais responsabilidade na próxima divulgação, programada para novembro.”
Setores em Desempenho Contraditório
Por mais que o dia tenha sido negativo para o índice em geral, as ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4) subiram, apesar das quedas nos preços de suas commodities. A mineradora Vale, que enfrentou uma leve pressão inicial, conseguiu reverter o cenário e terminou o dia com alta de 0,31%. Curiosamente, isso ocorreu mesmo com o minério de ferro caindo a seu nível mais baixo em um ano.
Já a Petrobras viu suas ações valorizarem-se em 1,02%, mesmo com a queda nos preços internacionais do petróleo, indicando um desejo de capitalização por parte dos investidores.
Outra ação que despontou foi a da Santos Brasil (STBP3), que subiu impressionantes 16,44% após a venda de sua participação para o Grupo CMA, um movimento que foi considerado positivo para os acionistas.
Varejo e Setor Financeiro em Evaporação
Por outro lado, o setor bancário e o varejo enfrentaram uma pressão negativa significativa. As ações do Bradesco (BBDC4) caíram 2,58%, enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) teve uma leve queda de 0,36%. A B3 (B3SA3), principal bolsa do país, encerrou a sessão com -3,45%, sendo a ação mais negociada do dia.
No varejo, se destacaram as quedas de Lojas Renner (LREN3) com -1,83% e Magazine Luiza (MGLU3) com -3,19%, refletindo uma fase desafiadora para o setor, que já enfrenta dificuldades devido ao aumento das taxas de juros e ao cenário econômico incerto.
Expectativas para a Semana
Os analistas esperam uma semana cheia de eventos que podem impactar o mercado. O Copom se reunirá, e na quarta-feira (25) será divulgado o IPCA-15 de setembro. Na quinta-feira (26), espera-se a publicação de dados sobre a inflação ao produtor. Por fim, na sexta (27), serão revelados os números da taxa de desemprego no Brasil. Esses indicadores devem continuar a provocar volatilidade nas negociações e expectativas de ações por parte do governo em resposta às demandas fiscais.
Conclusão
A situação continua incerta, com investidores cautelosos diante dos dados econômicos e da direção fiscal do país. A alta de alguns papéis, como Vale e Petrobras, não foi suficiente para reverter a pressão negativa sobre o Ibovespa. A semana promete ser desafiadora, e os investidores devem ficar atentos a novos desdobramentos.