IBGE responde a 'mentiras' de funcionários e sindicatos em comunicado polêmico
2025-01-16
Autor: Gabriel
Introdução
Na quarta-feira (15 de janeiro de 2025), a presidência do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou uma nota contundente afirmando ser alvo de "mentiras" propagadas por funcionários, ex-trabalhadores e sindicatos. O instituto anunciou a intenção de acionar a Justiça contra essa desinformação. Essa polêmica vem à tona em meio a uma série de críticas feitas pelo AssIBGE (Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE), que classifica a gestão do economista Marcio Pochmann como "autoritarista". O sindicato denuncia que a atual gestão tem falhado em dialogar com os empregados sobre as mudanças propostas.
Nota do IBGE
Na nota, o IBGE afirmou: "A difusão e repetição constante de inverdades sobre o IBGE exige uma posição firme e esclarecedora sobre a realidade dos fatos. São inadmissíveis os ataques de servidores e ex-servidores, bem como de instituições sindicais, que prestam contas em veículos de comunicação e redes sociais com informações falsas sobre a realidade do IBGE". Essa declaração desafia a crescente insatisfação entre os funcionários, que citam projetos de alteração do estatuto do instituto sem a devida negociação. O sindicato critica que essas mudanças podem impactar negativamente as condições de trabalho e a autonomia do órgão.
Resistência e Greve
Além disso, há resistência contra a criação da "Fundação IBGE +", que visa colaborar com a iniciativa privada, levantando preocupações sobre a privatização de serviços essenciais. Os trabalhadores também expressaram descontentamento sobre a volta ao trabalho presencial e a relocação de funcionários da Unidade Chile, localizada na Avenida Chile no centro do Rio de Janeiro, para o prédio do Serpro, no Horto. Recentemente, no dia 15 de outubro, os funcionários do IBGE realizaram uma greve de 24 horas, refletindo o clima de tensão que se agravou desde o início deste mês, após a troca de diretores de pesquisa do instituto. Marcio Pochmann, que assumiu o cargo em 18 de agosto de 2023, defendeu as mudanças estruturais, alegando ter promovido "o maior diálogo da história do órgão".
Contexto Político
Entretanto, a crise no IBGE se entrelaça com a narrativa política mais ampla. Em 27 de dezembro do ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descreveu como "uma mentira" a taxa de desemprego divulgada pelo IBGE, que apontou um valor de 6,1% no trimestre encerrado em novembro, uma ambiguidade interpretativa particularmente controversa. Segundo Bolsonaro, a metodologia do IBGE não condiz com a realidade do mercado de trabalho brasileiro, tornando-se alvo de uma defesa contundente por parte da atual direção. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, rebateu as declarações de Bolsonaro, afirmando que a estrutura metodológica do IBGE foi mantida por todos os governos desde 2012.
Crise de Credibilidade
Destaca-se que a situação do IBGE não é apenas uma luta interna, mas também um campo de batalha política, onde cada declaração é utilizada como arma de ataque ou defesa. No mesmo dia da nota divulgada, o IBGE alertou sobre a seriedade das acusações de manipulação de dados, ressaltando que ataques à sua credibilidade vêm não só da oposição, mas também de ex-servidores que conhecem a profundidade da metodologia e ética que regem a instituição. O IBGE, que possui quase 90 anos de história, está em um momento crítico, tentando se reerguer diante de um cenário repleto de controvérsias.
Erros Recentes
Recentemente, o instituto também enfrentou problemas de credibilidade ao lançar um novo mapa-múndi com erros significativos. A versão apresentava confusões em dados geológicos e falta de precisão nas informações de separação de continentes, forçando o IBGE a emitir uma errata. Sob a gestão de Pochmann, que tem um histórico de gestão ideológica em outros órgãos como a Fundações Perseu Abramo e Ipea, a percepção de uma agenda política no IBGE tem gerado desconforto e divisões entre os funcionários. A situação atual é um indicativo de que a luta por transparência e autonomia no IBGE está apenas começando.