Human Rights Watch denuncia Israel por privação de água em Gaza como genocídio
2024-12-19
Autor: Fernanda
A organização Human Rights Watch (HRW) publicou um alarmante relatório nesta quinta-feira (19) em que afirma que a negação de acesso à água potável por parte de Israel em Gaza configura um ato de genocídio. Segundo a HRW, a falta de água resultou em milhares de mortes de palestinos, caracterizando uma grave violação dos direitos humanos.
"Essa política imposta como parte de um massacre contínuo de civis palestinos indica que as autoridades israelenses estão cometendo um crime de extermínio contra a humanidade", afirmou a HRW. O documento destaca que essa privação de água é um crime de genocídio sob a Convenção sobre Genocídio de 1948.
Israel, por sua vez, rejeitou categoricamente essas alegações, afirmando que está em conformidade com a legislação internacional e tem o direito legítimo de se defender após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que desencadeou uma intensa ofensiva no território palestino.
O relatório da HRW se baseia em declarações de altos funcionários israelenses que, segundo a organização, indicam uma intenção de eliminar a população palestina. Lama Fakih, diretora da HRW para o Oriente Médio, enfatizou durante uma coletiva de imprensa: "O que encontramos é que o governo israelense está matando intencionalmente os palestinos em Gaza ao negar-lhes o acesso à água necessária para a sobrevivência".
É importante notar que o Human Rights Watch não é o único a utilizar a palavra genocídio; a Amnesty International também emitiu um relatório similar, alegando que as ações de Israel em Gaza constituem genocídio.
Esses relatórios surgem em um contexto de crescente atenção internacional, especialmente após o Tribunal Penal Internacional ter emitido mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ex-chefe de defesa, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade. Ambos os acusados negam as alegações.
A Convenção sobre Genocídio, estabelecida após os horrores do Holocausto, define o genocídio como atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
A situação em Gaza é crítica: o relatório de 184 páginas da HRW revela que o governo israelense cortou o fornecimento de água, restringiu o fornecimento de eletricidade e combustível, impedindo o funcionamento das instalações de água e saneamento na região. Isso significa que muitos palestinos têm acesso a apenas alguns litros de água por dia, muito abaixo do mínimo recomendado de 15 litros diários para sobrevivência.
Além disso, a atual campanha militar israelense em Gaza resultou em mais de 45 mil mortes e deslocou a maioria da população de 2,3 milhões de habitantes na região, reduzindo grande parte do território a escombros. Essa escalada de violência começou após uma ação maciça do Hamas, que resultou na morte de 1,2 mil israelenses e no sequestro de mais de 250 pessoas em 2023.
A questão dos direitos humanos e o tratamento dos palestinos em Gaza levantam preocupações sérias, com o mundo inteiro acompanhando de perto o que especialistas classificam como uma das crises humanitárias mais severas da atualidade.