Saúde

Histórico no Brasil: Hospital da UFMG registra nascimento de bebê com duas mães graças à fertilização in vitro

2024-11-01

Autor: Ana

Um marco emocionante aconteceu no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), em Belo Horizonte. Um bebê fruto de uma fertilização in vitro (FIV) com registro de dupla maternidade veio ao mundo, alegrando as mães K. R. e N. X. Esse acontecimento é inédito na instituição e abre as portas para novas famílias no Sistema Único de Saúde (SUS).

Desde o início do relacionamento, K. R. e N. X. sonhavam em formar uma família. A realização desse sonho se tornou possível graças ao Serviço de Reprodução Humana do HC-UFMG, que tem uma trajetória de 26 anos ajudando famílias a superar os desafios da fertilidade.

As mães iniciaram o tratamento em 2021, e o processo se concretizou entre o final de 2023 e fevereiro de 2024. Nesse procedimento inovador foram utilizados os óvulos de K. R. e espermatozoides de um doador anônimo. O tratamento incluiu a retirada dos óvulos, a fertilização, o cultivo dos embriões e a transferência dos embriões para o útero de K. R.

Após nove dias da implantação do embrião, a gestação foi confirmada. "A fertilização foi de primeira e a gravidez transcorreu tranquilamente, sem intercorrências," descreveu K. R. De acordo com as mães, todo o acompanhamento durante a gestação foi feito com excelência no HC-UFMG, com o pré-natal realizado no ambulatório Jenny Farias e o parto na maternidade da instituição. "Embora minha gestação tenha sido considerada de risco, tanto eu quanto o bebê não tivemos problemas durante esse período," acrescentou.

O nascimento do bebê trouxe à tona questões importantes sobre a documentação. Para o registro civil da criança, foi necessário apresentar a Declaração de Nascido Vivo (DNV) e a documentação das mães, junto com um relatório atestando a realização da FIV. Kelly Cristina Bordonove, Chefe da Unidade de Saúde da Mulher do HC-UFMG, ressaltou que, apesar de ser um caso pioneiro, o foco sempre foi o atendimento ético e legal dos usuários do SUS. "Estamos comprometidos em garantir que o processo seja acessível e respeitoso ao máximo, sempre priorizando o atendimento ao usuário," afirmou.

N. X., também mãe do recém-nascido, expressou sua alegria por terem quebrado barreiras. "Estamos muito felizes em saber que essa conquista representa uma abertura de portas para outras pessoas que desejam viver a experiência que nós vivemos. É um avanço significativo para a sociedade," declarou. O caso das mães K. R. e N. X. não é apenas uma celebração do amor e da diversidade, mas também um reflexo do avanço na legislação sobre direitos reprodutivos no Brasil.