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Haddad e Lula se reúnem: Expectativa de Aprovação para Corte de Gastos Leva Mercado a Reagir

2024-10-29

Autor: Matheus

Na última segunda-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma reunião intensa de duas horas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio da Alvorada. Durante o encontro, que atraiu a atenção de analistas econômicos e investidores, Haddad apresentou uma série de propostas econômicas e fiscais que poderão ser encaminhadas ao Congresso Nacional.

Dentre os tópicos discutidos, destacam-se significativas mudanças no seguro-desemprego, bem como no fundo de financiamento para a educação básica (Fundeb). No entanto, Lula impediu a discussão sobre um reajuste real do salário mínimo e ajustes em benefícios permanentes. A equipe econômica atualmente está elaborando um pacote que pode variar entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões, o que tem gerado apreensão e expectativa no mercado.

Após uma recente missão em Washington e participação nas votações em São Paulo, Haddad se prepara para uma viagem à Europa no início de novembro, coincidente com a proximidade da reunião do G20 no Brasil, agendada para a segunda quinzena do mês, no Rio de Janeiro. Neste contexto, a semana que se inicia é considerada crucial para as discussões fiscais, especialmente após o governo aguardar o término das eleições municipais para intensificar o diálogo sobre a situação econômica.

Embora as medidas de contenção de gastos ainda não tenham sido oficialmente anunciadas, o governo está ativo em alinhar seu discurso em defesa dessas ações. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, sublinhou a urgência de cortar políticas públicas ineficientes, afirmando categoricamente que "não existe social sem fiscal". Ela destacou que os números estão claros e a única coisa pendente é a coragem de eliminar o que não traz resultados.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, também se pronunciou a favor de cortes seletivos nos gastos, enfatizando que o Brasil possui condições para alcançar grau de investimento, essencial para atrair capital estrangeiro. A expectativa de que o país possa subir nesta classificação foi recentemente reforçada pela Moody's, que elevou a nota de crédito do Brasil, aproximando-o do cobiçado grau de investimento.

Em Londres, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou a necessidade de um "choque fiscal" para possibilitar uma redução estrutural nos juros, sugerindo que essa medida poderia modificar as expectativas econômicas e reverter projeções de inflação desfavoráveis.

Vale ressaltar que o corte de gastos não é uma mera tentativa de equilibrar contas públicas, mas uma estratégia para assegurar a sustentabilidade do arcabouço fiscal a partir de 2026. Nesse ano, as despesas obrigatórias tendem a ocupar uma fatia maior do orçamento, tornando a contenção de gastos ainda mais urgente.

A atual desconfiança em torno das políticas fiscais tem se mostrado um dos maiores obstáculos à valorização da Bolsa de Valores, que está atenta ao cenário financeiro. Apesar das incertezas, a confiança do mercado em Haddad parece ter minimizado as tensões nos juros, levando a uma alta de 1,02% nas ações e a uma oscilação quase estável do dólar, que fechou a R$ 5,70.

Pedro Serra, gerente de Research da Ativa Investimentos, opinou que mesmo na ausência de um plano claro sobre os cortes de gastos, as recentes declarações de Haddad contribuíram para melhorar o ânimo no mercado financeiro. Segundo ele, a expectativa de um anúncio de contenção de gastos já altera significativamente a dinâmica fiscal que se observava até então.

Essa movimentação política e econômica do governo não apenas impacta o cenário de investimentos, mas também pode determinar a trajetória futura da economia brasileira. O que mais pode surgir dessa reunião titânica entre Lula e Haddad? Fique atento!