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Governo Trump Aposta em Retórica Antitrans e Promete Reverter Avanços em Direitos LGBTQ+

2024-11-07

Autor: Ana

Em um comício realizado em Wisconsin no dia 7 de setembro, o presidente eleito Donald Trump provocou polêmica ao afirmar: "Você é pai, seu filho está saindo de casa e você diz ‘Jimmy, eu te amo muito, tenha um bom dia de aula’, então ele volta com uma operação invasiva. Consegue imaginar?". Essa declaração se refere a sua alegação de que crianças estão passando por procedimentos de transexualização nas escolas, um tema que tem alimentado debates acalorados nos Estados Unidos.

Trump vem utilizando essa retórica em diversos eventos de campanha, prometendo interromper práticas que, segundo ele, estariam sendo defendidas por seu adversário democrata Kamala Harris. É importante observar que a American Medical Association já desmentiu essas afirmações, esclarecendo que crianças não estão sendo submetidas a tais procedimentos.

Além disso, Trump expressou sua intenção de proibir a participação de mulheres trans em competições esportivas, ressaltando uma postura que visa consolidar suas bases eleitorais em uma agenda conservadora, retrógrada em relação aos direitos das minorias de gênero.

Essa estratégia não é novidade; foi uma tática utilizada durante seu primeiro mandato (2017-2021), quando ele se aproveitou do crescimento do sentimento antitrans no país. Logo no início de sua primeira administração, o então secretário da Justiça, Jeff Sessions, anunciou que pessoas trans perderiam a proteção contra discriminação no emprego.

Em 2018, sua gestão tentou redefinir o conceito de gênero, tornando-o uma característica biológica imutável, um ato que visava apagar a existência legal de pessoas trans. Essa tentativa se opõe às medidas adotadas pelo governo de Barack Obama, que havia ampliado os direitos de gênero em programas federais, reconhecendo que o gênero é uma escolha individual e não determinado exclusivamente pelo sexo biológico ao nascimento.

Em 2019, Trump também proibiu a inclusão de pessoas trans nas Forças Armadas, uma decisão que foi revertida por Joe Biden em 2021, junto com várias iniciativas para reverter políticas discriminatórias da administração anterior.

Nos últimos anos, o clima político nos EUA tem favorecido iniciativas semelhantes às propostas por Trump. Metade dos 50 estados adotaram legislações que restringem o acesso de menores a terapias de transição de gênero, e cada vez mais estados estão proibindo o uso de banheiros conforme a identidade de gênero, como visto em estados como Flórida, Utah e Carolina do Norte.

Com a expectativa de que a retórica antitrans continue a ser uma peça central na campanha de Trump, especialistas alertam para as implicações sociais e legais dessa narrativa. Os defensores dos direitos LGBTQ+ temem que um retorno a essas políticas represente um retrocesso significativo nas conquistas de décadas de luta por igualdade e respeito.