Introdução

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) identificou um crescente descontentamento entre autônomos e empreendedores após a recente crise envolvendo o sistema de pagamentos Pix. A administração agora está se preparando para uma campanha direcionada a esse público, com o intuito de reverter a imagem negativa.

Contexto do Descontentamento

De acordo com aliados de Lula, a relação com este segmento já era complicada, e as dificuldades aumentaram com a propagação de fake news a respeito da regulamentação das transações via Pix. Informações distorcidas têm gerado confusão e anxiedade entre os trabalhadores, que temem o impacto de novas regras na sua rotina de trabalho.

Campanha de Esclarecimento

Na última sexta-feira (17), a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) notificou as agências de marketing do governo sobre a necessidade de uma campanha para esclarecer os verdadeiros fatos sobre o Pix. A proposta central da campanha ainda está em definição, mas será particularmente voltada para os empreendedores, considerados o grupo mais afetado pela situação.

Desmentindo Boatos Prejudiciais

Essa não é a primeira vez que Lula se vê obrigado a desmentir boatos prejudiciais a esses trabalhadores. Em 2022, ele teve que negar insinuações de que planejava extinguir a categoria de microempreendedor individual (MEI), uma informação inicialmente propagada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Batalha Política e Desconexão

Na atual situação, a crise do Pix se tornou um campo de batalha política, onde a administração percebeu que a narrativa estava sendo dominada pela oposição. Para contornar os danos, vai ser necessário muito mais do que uma simples campanha de marketing. Aliados do governo apontam que a abordagem da Receita Federal pode ter sido mal planejada, sem consideração das repercussões políticas, refletindo uma desconexão entre as equipes envolvidas.

Consultas Inadequadas aos Stakeholders

Além disso, parece que o governo falhou em consultar de forma adequada os stakeholders do segmento, que poderiam ter facilitado uma melhor comunicação. A influenciadora Nath Finanças, por exemplo, é vista como uma possível ponte entre o governo e os autônomos, mas sua inclusão precoce nas discussões não parece ter ocorrido.

Desafios de Comunicação Anteriores

Não é a primeira vez que esse desafio de comunicação é destacado. Um exemplo notável foi a iniciativa de regulamentação dos trabalhadores de aplicativos, que enfrentou resistências enquanto Lula tentava implementar promessas de campanha. Esse cenário revela que a conexão com esses novos perfis de trabalhadores ainda é um obstáculo significativo para a administração.

Dificuldades no Diálogo com Autônomos

Em um contexto onde o discurso bolsonarista atrai muitos autônomos e pequenos empresários, a dificuldade em dialogar com esses públicos continua a ser um tema central. No ano passado, o candidato Pablo Marçal (PRTB) se destacou nas periferias de São Paulo devido à sua proposta focada em empreendedorismo, um sinal claro de que a mensagem e a conexão são elementos essenciais nas campanhas políticas.

Iniciativa Acredita e Falha na Comunicação

Recentemente, Lula anunciou o programa Acredita, destinado a ampliar o acesso ao crédito para pequenos empresários e famílias de baixa renda. No entanto, a falta de um evento de lançamento para a nova medida foi vista como uma falha na estratégia de comunicação do governo, que se comprometeu a levar mais apoio a um dos segmentos mais vulneráveis neste cenário econômico.

Oposição e Medos dos Microempreendedores

A oposição, por sua vez, aproveitou a crise do Pix para temer por um retrocesso nas condições dos microempreendedores, temendo que muitos deles acabem caindo nas malhas da Receita Federal em decorrência das novas regras. Mesmo com a insistência do Ministério da Fazenda de que o foco é no combate a crimes e fraudes, a narrativa negativa se solidificou, especialmente após um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) que reforçou os temores existentes.

Estratégia da Oposição

Em meio a tudo isso, o ex-marqueteiro da campanha de Bolsonaro, Duda Lima, alertou a oposição para se posicionar contra essas medidas de forma a capitalizar o descontentamento dos autônomos, mostrando que a luta pela representação desse segmento ainda está longe de ser resolvida.