O Grande Julgamento das Big Techs

No julgamento que capturou a atenção de todos que acompanham o poder crescente das gigantes da tecnologia, o juiz Amit Mehta reconheceu que o Google exerce um impacto negativo na competitividade das buscas online. A gigante é acusada de pagar para ser o buscador padrão em dispositivos da Apple, Samsung e navegadores como o Mozilla. Para lidar com essa questão de monopólio, Mehta decidiu não obrigar a empresa a vender o Chrome ou o Android, apesar de ambos serem alvos de críticas.

O Que Mudou?

A decisão não impactou diretamente os produtos cruciais da empresa. Embora o Chrome desvie 35% do tráfego para o motor de busca e gere até 36% da receita publicitária do Google, o juiz também restringiu a exclusividade de contratos que a empresa mantém com fabricantes de smartphones e operadores.

Além disso, Mehta ordenou que o Google compartilhasse alguns dados com concorrentes, mas não todos — excluindo informações valiosas, como o índice de busca.

A Ação do Departamento de Justiça

O caso, iniciado em 2020 pelo Departamento de Justiça dos EUA, surgiu da tentativa do governo de coibir o uso do monopólio do Google para dominar também o campo da inteligência artificial (IA). No entanto, o juiz Mehta argumentou que, no cenário atual, empresas concorrentes têm recursos suficientes para competir.

O Perigo da IA

Mehta vê os chatbots de IA como uma nova ameaça ao domínio do Google nas pesquisas online, dado que esses serviços estão cada vez mais capazes de fornecer informações que antes eram encontradas apenas nos buscadores tradicionais. Os números ainda mostram que os buscadores movimentam 1,86 trilhão de buscas, comparados a apenas 55,2 bilhões de interações com chatbots de IA entre abril de 2024 e março de 2025.

Reações e Críticas

A decisão provocou reações polarizadas. Muitos ficaram decepcionados, como Gabriel Weinberg, CEO do DuckDuckGo, que apontou que a decisão permite que o Google mantenha seu controle sobre o mercado.

Para outros críticos, a punição foi uma oportunidade desperdiçada de romper com o monopólio. Elizabeth Warren, senadora de Massachusetts, afirmou que o tribunal declarou o Google como um monopólio ilegal, mas não responsabilizou a empresa por suas ações.

O Que Acontece Agora?

A decisão representa uma vitória de curto prazo para o Google, que evita desinvestir em áreas cruciais. No entanto, essa vitória pode se tornar uma derrota a longo prazo, caso os concorrentes consigam acessar dados úteis da busca online e superem o sistema de busca do Google.

A Troca de Dados e a Privacidade do Usuário

Um aspecto pra lá de inquietante é que, na briga judicial, nossos dados e informações pessoais se tornaram pedras de troca. A decisão de Mehta pode levar o Google a compartilhar informações que antes eram mantidas em sigilo, abrindo uma caixa de Pandora de preocupações sobre privacidade.

Perspectivas Futuras

A luta de monopólio não é apenas uma questão interna dos EUA; ela se reflete em uma batalha global pela hegemonia tecnológica entre os EUA e a China. Enquanto nos EUA são impostas punições leves ao Google, na Europa a situação é diferente, com multas pesadas sobre práticas abusivas. O futuro do controle de dados e da competição na era da IA está longe de ser resolvido, e cada nova decisão pode moldar não apenas o mercado, mas a privacidade do usuário.