Globo Completa 60 Anos: Livros Revelam Bastidores Ocultos

Neste mês histórico em que a Rede Globo celebra seu sexagésimo aniversário, entram no mercado dois livros essenciais que prometem desvendar episódios obscuros e intrigantes da trajetória da emissora.

O renomado jornalista Ernesto Rodrigues apresenta sua monumental reportagem, composta por cerca de 2.000 páginas e dividida em três volumes. Esta obra monumental é fundamentada em 400 depoimentos inéditos ao acervo do Memória Globo, coletados de funcionários das áreas de jornalismo, dramaturgia, entretenimento, esportes e marketing, além de entrevistas com executivos da emissora e os filhos de Roberto Marinho.

O título recém-lançado, "A Globo - Concorrência: 1985-1998", continua a narrativa iniciada com "Hegemonia: 1965-1984", onde Rodrigues documentou a ascensão da Globo como líder de audiência na televisão brasileira. Um terceiro volume, intitulado "Metamorfose", deve ser lançado ainda este ano, detalhando o período entre o final do século XX e o início da década de 2020.

O segundo volume revela as dificuldades enfrentadas pela Globo devido à ascensão de concorrentes como SBT, Manchete e Record, juntamente com a migração do público das classes A e B para serviços de TV por assinatura. Durante este período, a emissora passou por uma série de mudanças drásticas na grade de programação e enfrentou apelações de conteúdo durante os programas dominicais.

Apesar destes desafios, a era também marca um auge na teledramaturgia da Globo sob a direção de Daniel Filho, com novelas icônicas como "Vale Tudo" e minisséries que deixaram sua marca na história televisiva. Rodrigues discute como a relação de Roberto Marinho com a ditadura militar, anteriormente considerada de "subserviência imposta", revela uma colaboração deliberada do dirigente e seus herdeiros, utilizando o jornalismo da emissora para favorecer seus próprios interesses políticos durante transições democráticas e governos variados.

Casos emblemáticos como o apoio do Grupo Globo a candidatos políticos e a manipulação das coberturas eleitorais são explorados com profundidade. O livro também discorre sobre o início do apoio ao plano econômico chamado "Plano Cruzado", que eventualmente resultou em crises para o governo Sarney incorporando questionamentos éticos e até uma greve no departamento de jornalismo da Globo. O livro não poupa detalhes de momentos críticos, como a orientação prévia recebida pelos jornalistas durante entrevistas importantes, revelando um panorama complexo sobre o funcionamento interno da emissora.

Rodrigues também revela relatos impactantes sobre a política interna da Globo durante as disputas de poder, incluindo as mudanças frequentes na liderança do departamento de jornalismo e a rivalidade entre Boni e Roberto Irineu Marinho, criando um retrato multifacetado da emissora ao longo das décadas. Além disso, o autor critica a relação da Globo com a imprensa, destacando a postura crítica do jornal Folha de São Paulo, que frequentemente dissocía as operações da Globo das definições de ética jornalística.

Outro livro que acompanha as comemorações de 60 anos da Globo é o segundo volume da biografia de Roberto Marinho, escrito por Leonencio Nossa. O livro, intitulado "A Globo na Ditadura: Dos Festivais às Bombas no Riocentro", leva os leitores a uma exploração profunda dos eventos que moldaram a emissora e a vida de Marinho, utilizando uma centena de entrevistas e acesso a documentos históricos. O autor argumenta que Marinho sempre se posicionou em um centro político, refletindo as tensões da época.

Esses livros não apenas celebram o marco de 60 anos da Globo, mas também desenterram verdades obscuras e provocam debates sobre o papel da televisão na formação da opinião pública no Brasil. Prepare-se para uma jornada reveladora que desafiará a sua percepção sobre um dos maiores ícones da comunicação brasileira!