O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, fez declarações contundentes durante um evento que marcou os dois anos dos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. Ele afirmou que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro foi responsável pela disseminação de um "discurso de ódio, fanatismo político e a indústria da desinformação".

Gilmar Mendes destacou que a reação violenta, que culminou em atos extremistas, foi fruto de ideologias que começaram a ganhar força durante o governo anterior. Segundo ele, essa "reverberação de uma ideologia rasteira" foi uma resposta às eleições que trouxeram Luiz Inácio Lula da Silva de volta ao poder. Ele se referiu à invasão das sedes do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal como um resultado diabólico de uma radicalização que já estava presente nas eleições de 2018. Mendes salienta que a campanha daquele ano aproveitou as redes sociais para propagar ódio, ataques pessoais e teorias da conspiração.

Ele também revelou que os danos materiais e imateriais resultantes dos atentados de 8 de janeiro somam aproximadamente R$ 24 milhões, sem contar as perdas de obras de arte e outros objetos raros. Mendes criticou a forma como a comunicação oficial do governo Bolsonaro utilizou estratégias de radicalização que atacavam sistematicamente a oposição e ignoravam o respeito à diversidade de opiniões.

O ministro enfatizou a urgência de uma regulamentação mais eficaz das redes sociais, citando exemplos de países da União Europeia e do Reino Unido, mas rejeitou a noção de censura. Sua postura não apenas reflete um apelo por um diálogo saudável no ambiente político brasileiro, mas também coloca em evidência a preocupação com a manutenção da democracia e os valores fundamentais da convivência pacífica.

A reflexão de Gilmar Mendes provoca questionamentos sobre como a política e a comunicação podem ser utilizadas para formar ou deformar a opinião pública, assim como a responsabilidade das plataformas digitais na disseminação de informações.