Um ano e um mês atrás, a juíza Tula Mello e João Pedro Marquini celebraram seu amor em um casamento repleto de esperanças. No entanto, no último domingo, a cruel realidade da violência que assola o Rio de Janeiro atingiu o casal de forma devastadora. Um ataque de criminosos, que Tula descreveu como um ato de terror, ceifou a vida do agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e trouxe à tona um novo papel para a viúva: cuidar do filho de apenas 10 anos que, com a tragédia, perdeu não só o pai, mas também a mãe, que faleceu há um ano.

Após a morte da mãe do menino, Tula e João abriram as portas de suas vidas para ele, formando uma família unida em meio à adversidade. O casamento, que aconteceu um mês após a perda materna, simbolizava a força e a união que encontraram na dor.

Em suas palavras emocionadas, Tula afirmou: 'Ganhei mais um filho. Ele já vivia comigo, com João e meus filhos. João me protegeu, agora eu protegerei minha família.' Essa declaração revela a determinação da juíza em seguir em frente e abraçar as responsabilidades que agora pesam sobre seus ombros, num momento delicado e desafiador.

Antes da tragédia, Tula já era conhecida por seu trabalho voluntário na Vara da Infância e da Juventude, onde exercia o papel de mãe socioafetiva, oferecendo carinho e proteção a crianças que aguardam adoção. Esse espírito acolhedor sempre foi uma missão em sua vida, refletindo seu compromisso de fazer a diferença na vida de crianças vulneráveis.

O funeral de João foi um momento de profunda tristeza. Durante a cerimônia, o menino permaneceu ao lado de Tula, recebendo o conforto e a proteção que agora são mais necessários do que nunca.

Após um depoimento longo à polícia, Tula se pode sentir exausta, mas determinada a lutar pela justiça. Ela se disse à disposição para ajudar nas investigações do que ela classifica como um atentado contra sua família. O assassinato de João foi um crime calculado, com a polícia já tendo recuperado o veículo usado pelos assassinos e iniciado uma busca intensiva por pistas.

'Não serei mais uma vítima. Vou lutar pelo Rio', assertou Tula, mostrando uma disposição admirável em transformar sua dor em ação, e lutar contra a impunidade que permeia a violência no estado. Ela afirmou que a coragem de João em protegê-la possibilitou que ela escapasse do ataque, permitindo que salvasse a própria vida.

Em tributo ao marido falecido, Tula usou suas redes sociais para compartilhar momentos especiais juntos, revelando um amor profundo e inquebrável. 'Nos conhecemos trabalhando. Uma das paixões da nossa vida é o trabalho. A gente se encontrou e a vida foi nos juntando', relembrou Tula nesse recorte de tristeza e lembranças felizes, enquanto faz um chamado à união e a luta por um futuro melhor.

Neste trágico momento, Tula representa não apenas uma mãe enlutada, mas uma mulher forte que, apesar das adversidades, busca o bem-estar de sua família e a justiça que o estado precisa, se tornando uma voz contra a violência que permeia o cotidiano do Rio de Janeiro.