O furacão Helene provocou consideráveis estragos durante sua passagem pelos Estados Unidos no final de setembro, e suas consequências foram ainda mais surpreendentes do que se poderia imaginar. O fenômeno foi tão intenso que gerou 'ondas de gravidade', que foram registradas pela Estação Espacial Internacional (ISS).

Toda a trajetória do furacão foi monitorada de perto, e o Atmospheric Waves Experiment (AWE) da ISS revelou que a tempestade não apenas afetou o solo, mas também agitou a atmosfera a altitudes impressionantes. Essas 'ondas de gravidade' — um fenômeno distinto das ondas gravitacionais — são resultantes da interação entre diferentes fluidos ou da colisão entre diferentes regiões atmosféricas com características distintas.

Embora elas sejam visíveis na superfície do mar, na atmosfera as ondas são invisíveis a olho nu, sendo detectáveis apenas por meio de satélites. De acordo com informações do IFL Science, "a energia e o calor gerados pela grande tempestade tropical resultaram em enormes ondas a uma altitude de quase 90 quilômetros, muito próximo da borda do espaço, enquanto os furacões normalmente podem alcançar apenas cerca de um sexto dessa altura".

"Assim como anéis de água se espalhando a partir de uma gota em um lago, as ondas circulares geradas pelo Helene puderam ser vistas se expandindo para o oeste a partir da costa noroeste da Flórida", explicou Ludger Scherliess, principal pesquizador do AWE na Universidade Estadual de Utah em Logan.

Além das descobertas sobre as ondas de gravidade criadas pelo furacão, diversas outras atividades foram impactadas. Por exemplo, o evento climático resultou no adiamento de um importante lançamento da SpaceX com astronautas. Também foram documentados três furacões 'alinhados' em imagens capturadas por satélites da NASA, oferecendo uma visão impressionante da atmosfera em tumulto.

O instrumento AWE, lançado em novembro de 2023 e instalado na parte externa da ISS, é projetado para observar a Terra, escaneando ondas gravitatórias atmosféricas. Estas ondas são padrões semelhantes a ondulações no ar, resultantes de perturbações atmosféricas como tempestades, tornados, tsunamis e rajadas de vento sobre cadeias montanhosas. Um vídeo liberado pela NASA foi artificialmente colorido para permitir a visualização dessas ondas de gravidade.

Em uma perspectiva mais ampla, as imagens capturadas das ondas gravitacionais geradas pelo furacão Helene estão entre as primeiras disponíveis publicamente pelo AWE, confirmando a eficácia do instrumento para revelar os efeitos significativos que furacões e outros eventos climáticos têm na atmosfera superior da Terra. Esses avanços não apenas ampliam nosso conhecimento sobre as dinâmicas atmosféricas, mas também ajudam a preparar melhor a ciência espacial para futuros fenômenos climáticos.