Saúde

'Fui para um procedimento de rotina e acordei falando um idioma diferente’; entenda a síndrome da língua estrangeira

2025-04-08

Autor: Mariana

Uma história intrigante e rara emergiu de um hospital na Holanda, onde um jovem garoto passou por uma cirurgia de rotina e, surpreendentemente, acordou falando inglês com sotaque americano. Embora ele tivesse se submetido a um procedimento cirúrgico simples, o que aconteceu em seguida foi nada menos que extraordinário: ele não conseguia mais falar ou entender sua língua nativa, o holandês, e insistia que estava em Utah, um estado dos EUA.

A situação só piorou quando, uma hora após a cirurgia, a equipe médica pediu uma avaliação psiquiátrica para entender o comportamento inesperado do menino. Sem histórico de problemas psiquiátricos ou condições familiares que pudessem explicar o fenômeno, os médicos se viram perplexos.

Após aproximadamente 18 horas, ele começou a reconhecer o holandês novamente, mas continuou se comunicando exclusivamente em inglês. Essa condição peculiar levou os médicos a pesquisar mais sobre o caso e, ao fazer isso, descobriram que ele havia temporariamente desenvolvido a síndrome da língua estrangeira (SLE).

A SLE é uma condição neurológica rara na qual um indivíduo pode mudar de sua língua nativa para uma língua estrangeira, mesmo sem nunca ter falado fluentemente essa outra língua. Além das mudanças linguísticas, a síndrome também pode alterar a velocidade da fala, entonação e até mesmo criar um sotaque que pode soar estranho, mesmo que a pessoa não esteja realmente falando um idioma diferente.

As causas dessa síndrome geralmente incluem lesões cerebrais, derrames, tumores ou danos à área de Broca, que é a parte do cérebro responsável pela produção da linguagem. Esta área está localizada no lobo frontal e é fundamental para a articulação clara de ideias e palavras.

Descoberta em 1907 pelo neurologista francês Pierre Marie, a síndrome da língua estrangeira é raramente vista e apenas cerca de 100 casos foram documentados mundialmente. O interessante é que, ao contrário dos casos típicos, o garoto tinha plena consciência de sua situação, sabendo que estava falando uma língua diferente. Em algumas semanas, ele se recuperou completamente, retornando ao seu modo normal de comunicação.

Os médicos relataram que ele se recordava de não reconhecer seus pais e acreditava estar nos EUA. Durante uma consulta de acompanhamento, o garoto informou que não estava mais enfrentando dificuldades ao falar holandês, deixando os especialistas desconcertados com o caso inusitado.

Ainda assim, os médicos enfatizam que ainda há muito a ser esclarecido sobre a SLE, e que mais pesquisas são essenciais para entender como uma condição neurológica pode surgir após anestesia durante um procedimento cirúrgico. Segundo um estudo recente publicado no Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, a anestesia pode causar distúrbios na capacidade de comunicação do cérebro, possivelmente contribuindo para o desenvolvimento da síndrome.

Até que mais dados sejam coletados, muitos permanecem céticos, mas a história desse jovem promete abrir novas fronteiras para a compreensão das complexidades do cérebro humano.