François Bayrou é Nomeado Novo Primeiro-Ministro da França por Macron: O Que Esperar Desta Nova Era?
2024-12-13
Autor: Matheus
François Bayrou foi nomeado por Emmanuel Macron como o novo primeiro-ministro da França em agosto de 2024, segundo informações da AFP. Ele substitui Michel Barnier, que ocupou o cargo por apenas três meses e renunciou após uma coalizão inesperada entre deputados de extrema-direita e da esquerda que aprovaram uma moção de censura contra ele.
A estrutura política da França permite que o presidente e o primeiro-ministro governem em conjunto, porém são eleitos em pleitos separados. O presidente é escolhido por voto direto, enquanto o primeiro-ministro é indicado pelo partido que ganha as eleições parlamentares. Vale destacar que Macron, mesmo ignorando a coalizão da esquerda que venceu as últimas eleições, já havia indicado Barnier, um centrista, apenas para ver sua escolha fracassar rapidamente.
Bayrou, que tem 73 anos e é político veterano do centro, também atua como prefeito da cidade de Pau, localizada nos Pirineus, no sudoeste da França. Agora, com duas nomeações de primeira-ministro idosas, Bayrou e Barnier entram para a história como os premiês mais velhos da Quinta República da França.
Ao assumir o cargo, a prioridade de Bayrou será ancorar uma legislação especial para aprovar o Orçamento de 2024, enfrentando uma dura batalha no Parlamento. Essa resistência já foi o estopim para a queda do governo Barnier. O clima no Legislativo está tenso, e a esquerda tem se manifestado contra sua recente nomeação. Eles pressionam por um nome de sua própria ala e prometem dificultar os avanços do novo governo.
Por outro lado, o líder da extrema-direita, Jordan Bardella, sinalizou que adotará uma postura similar à que já usou com Barnier, opondo-se a qualquer proposta de orçamento enviada por Bayrou. Além disso, a expectativa é que Bayrou revele sua equipe ministerial em breve, mas sua proximidade com um Macron impopular pode dificultar essa nova gestão.
A crise política na França chegou a um nível sem precedentes, com uma aliança feita entre a extrema direita e a esquerda para derrubar Barnier, o primeiro-ministro com o mandato mais curto da história moderna do país. A insatisfação crescente com a falta de legitimidade do governo de Macron foi exacerbada pela rejeição da proposta de Orçamento feita por Barnier, o que culminou na moção de censura.
A economia também é um fator que pesa na balança, com o prêmio de risco da dívida francesa se aproximando do da Grécia, o que coloca a França em um estado vulnerável dentro da União Europeia, especialmente em um momento em que a Alemanha também enfrenta crises políticas e precisou antecipar suas eleições legislativas.
Além disso, a recente vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu, e a rápida resposta de Macron ao convocar novas eleições em maio, demonstram a crescente tensão política. Naquele momento, o partido de Macron enfrentou eleições perdidas e com a ascensão da extrema direita, ele buscou garantir uma ”estabilidade” que provou ser ilusória.
O governo Barnier se tornou o mais curto da história da Quinta República, substancialmente minado por sua falta de apoio, vencido em grande parte por uma assembleia que se mostrou incapaz de formar uma maioria governamental. Com o horizonte eleitoral de 2027 se aproximando, a luta pelo poder e pela formação de alianças políticas se torna cada vez mais intensa, preparando o terreno para possíveis reviravoltas no futuro da política francesa.